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15 esclarecimentos sobre o Oriente Médio para você nunca mais esquecer

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"Meu Deus, quanto ódio e quanta desinformação". Escritora que já viveu no Oriente Médio se diz espantada com a quantidade de mentiras espalhadas após a tensão entre Irã e EUA. Ela elaborou um pequeno manual para explicar alguns conceitos básicos aos brasileiros sobre o Oriente Médio

(Imagem: Reprodução)

por Lúcia Helena Lissa, via Facebook

Meu Deus, quanto ódio e quanta desinformação sobre o Oriente Médio!

Como jornalista e escritora que esteve seis vezes no Oriente Médio (quatro delas na Palestina, em Ramallah, Belém, Jerusalém, etc., a Palestina real, a parte o mundo todo considera Palestina e não Israel, e outras na Síria, Egito, Marrocos e Líbano), e que está para lançar um livro sobre o assunto, sinto-me no dever de explicar alguns conceitos básicos aos brasileiros sobre o Oriente Médio:

1) Os iranianos não são árabes mas têm um imenso respeito e afeto pela cultura árabe e pelos árabes em geral, mesmo sendo persas, ou seja, herdeiros de uma das mais antigas, culturalmente ricas e mundialmente respeitadas civilizações do mundo: a antiga civilização persa.

2) O Irã, ao contrário dos EUA, jamais invadiu países ou jogou bombas atômicas em lugar algum do mundo. Os EUA foram o único país do mundo a fazer isso. Suas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki mataram milhares de pessoas, muitas delas bebês.

3) De 1919 a 2019, os EUA já invadiram ilegalmente mais de 40 países do mundo, bombardearam e mataram milhões de civis, destruíram economias, estupraram, torturaram civis, cometeram crimes de guerra e manipularam a opinião pública mundial para que não fossem jamais punidos por isso.

4) Judaísmo e sionismo são conceitos muito diferentes. Entrevistei centenas de judeus que não apoiam o sionismo de EUA e Israel, um projeto de dominação do Oriente Médio que prevê o genocídio completo do povo palestino.

5) A palavra “judeu” não se refere a uma etnia, mas a uma religião. E é exatamente por isso que a ONU e o mundo todo condenaram Israel quando recentemente o país se declarou um “Estado Judeu”, mesmo tendo milhões de cristãos árabes e muçulmanos árabes vivendo em Israel, pois isso se configura um Apartheid religioso, sim. Pessoas que vivem em Israel são israelenses e não necessariamente judeus e há milhões de não-judeus em Israel que hoje são impedidos até de frequentar uma rodovia ou uma escola, construídas apenas para judeus. Vi em Israel ruas em que não-judeus, inclusive eu como cristã, são proibidos de entrar. E isso, em qualquer país do mundo, se chama segregação. Além disso, judaísmo (religião) e sionismo (movimento politico) são coisas completamente diferentes.

6) A palavra “muçulmano” também jamais se referiu a uma etnia e sim a uma religião. Existem brasileiros muçulmanos, indianos muçulmanos, árabes cristãos e muçulmanos chineses. Existem milhões de árabes cristãos no mundo, como eram meus avós, que imigraram para o Brasil. Os muitos cristãos que entrevistei na Palestina defendem os direitos dos palestinos muçulmanos e estão mais próximos dos palestinos em geral do que do governo de Israel! Quem acha simplesmente que o conflito em Israel é um” conflito entre judeus e árabes” nunca esteve na Palestina, não lê nenhum autor sério e não sabe nada sobre a região ou sobre o conflito.

7) Ninguém jamais deixou de ir a Palestina porque o Hezbollah impediu, até porque o Hezbollah é um partido político e um exercito não oficial do Líbano e não da Palestina!

8) O Hamas é um partido político com um braço armado, e um partido que hoje domina a Faixa de Gaza e não a Palestina como um todo, que é governada pela Autoridade Palestina, que já criticou inúmeras vezes o Hamas.

9) Uma significativa parte do Líbano é cristã, da Síria também, no Irã também existem cristãos e judeus vivendo bem e sendo respeitados em sua fé. Muitos cristãos só começaram a morrer na Síria recentemente depois que membros do ISIS foram armados pelos EUA para derrubar Assad (em vão), alimentando uma guerra que já dura 8 anos e já matou mais de 500 mil pessoas na Síria, onde estive recentemente.

10) Todos os países de maioria islâmica condenaram os atentados de 11 de Setembro (menos o Afeganistão). Todos os muçulmanos que conheci pregam a paz e condenam os atentados dos extremistas. Assim como os cristãos condenam extremistas cristãos que pregam o ódio aos gays, a outras religiões, etc.

11) Os EUA têm milhares de muçulmanos vivendo em paz em seu território e integrados em suas comunidades, cientistas e médicos premiados, professores universitários muçulmanos que nunca aparecem na sua TV.

12) A prefeita da sede da Autoridade Palestina é mulher e cristã, assim como a prefeita de Belém, a quem já entrevistei e cuja foto comigo já publiquei aqui. A mulher de Arafat, líder muçulmano histórico dos palestinos, era cristã e muito amada pelos muçulmanos!

13) Os cristãos iraquianos, que eram protegidos por Saddam Hussein no Iraque, começaram a morrer ou a deixar o Iraque, aterrorizados, depois da invasão dos EUA.

14) Os primeiros atentados terroristas na região do Oriente Médio atual foram cometidos por terroristas judeus de um grupo chamado Irgun, e não por muçulmanos palestinos. Historiadores israelenses sérios já falaram sobre isso.

15) Ytzhack Rabin, político amado por vários povos e líder dos judeus israelenses, foi assassinado em novembro de 1995, durante um atentado cometido por um judeu de extrema de direita e não por um muçulmano.

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