Redação Pragmatismo
Jair Bolsonaro 31/Jan/2020 às 13:36 COMENTÁRIOS
Jair Bolsonaro

Milionário por trás do partido de Jair Bolsonaro levanta suspeitas

Publicado em 31 Jan, 2020 às 13h36

O que faz um milionário que vivia na Inglaterra nos últimos anos decidir retornar e exercer a ‘vida pública’? Um surto de patriotismo? Felipe Belmonte já é o número 3 na hierarquia do 'Aliança Pelo Brasil'

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Luís Felipe Belmonte e Jair Bolsonaro (Imagem: Reprodução Veja)

Mauro Donato, DCM

Até cerca de 2 anos atrás, Luís Felipe Belmonte vivia sua vida de milionário com a esposa e filhos na Inglaterra.

De lá, gerenciava seus negócios no Brasil, entre eles um time de futebol, o Real Brasíllia.

Ao perceber as nuvens do bolsonarismo formando-se sobre o céu do Brasil e sentindo aquele aroma de oportunidades no ar, em 2018 Felipe Belmonte pegou as malas e a esposa e voltou.

Projeto: entrarem, ambos, na política. Já de cara conseguiram eleger Paula, a esposa Belmonte, como deputada federal. Ele filiou-se ao PSDB e bancou a campanha de Izalci Lucas, o gênio do Escola Sem Partido.

Felipe Belmonte então aproximou-se ainda mais dos Bolsonaro e desde o ano passado é um dos principais nomes por trás da criação do Aliança pelo Brasil.

Ele hoje é o número três na hierarquia do Aliança, atrás apenas de Jair Bolsonaro e do filho Flavio, o homem das rachadinhas de chocolate. Como é advogado, Belmonte ocupa hoje um papel que já foi de Gustavo Bebianno. Que sirva de aviso.

Mas voltemos ao que interessa. O que faz um milionário que vivia na Inglaterra nos últimos anos decidir retornar e exercer a ‘vida pública’? Um surto de patriotismo?

As atitudes do empresário Belmonte e seus posicionamentos em relação a alguns aspectos da política, do Aliança, e regras eleitorais ajudam o leitor a formular a resposta.

Felipe Belmonte é a favor da volta do financiamento privado em campanhas eleitorais. Caso clássico de quem tem dinheiro para comprar a tudo e a todos (patrimônio declarado de R$ 65,8 milhões), ele contorna essa questão com um discurso revestido de retidão.

É preciso estabelecer que cada doador só pode doar para um candidato, de mesma base eleitoral. Não dá para apostar em dez e, quem ganhar, é com aquele estou, entende?”, declarou ele em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira.

Curioso é que o próprio Belmonte não segue seus preceitos. No ano passado ele injetou quase R$ 4 milhões em candidatos os mais variados. Até do PCdoB!! Ele foi o segundo maior doador na campanha em Brasília.

Bolsonarismo explícito é isso, vende uma imagem e pratica o oposto.

Como empresário/advogado Belmonte também tem esqueletos no armário a serem explicados. O Ministério Público Federal o denunciou sob acusação de pagar propina a um ex-desembargador do Tribunal Regional do Trabalho em Rondônia.

Segundo a acusação, Belmonte conseguiu liberar um pagamento de R$ 107 milhões de um processo trabalhista, relacionado a um precatório da União.

Em poucas palavras o caso é o seguinte: o desembargador Vulmar de Araújo Coelho Junior havia suspendido o pagamento do precatório. Estranhamente, após atuação do escritório de advocacia de Belmonte, o desembargador reviu a própria decisão e liberou que a União pagasse. O escritório de Belmonte faturou R$ 11 milhões do precatório e logo depois, ainda segundo a denúncia, Belmonte usou um laranja para comprar um imóvel do desembargador.

A denúncia foi apresentada em maio de 2017 pela Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público Federal ratificou os termos da denúncia, mas ainda não houve abertura de ação penal. Portanto, até agora Belmonte não é réu no caso.

A relação advocacia/imóveis/União faz parte do universo nababesco de Belmonte.

O escritório Luís Felipe Belmonte e Advogados Associados é especializado em processos contra a União que chegam ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ou seja, seu combatente habitual é a Advocacia-Geral da União (AGU).

Como proprietário de imóveis, Belmonte possui, entre outros, os prédios da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) em Brasília. Só com os aluguéis desses dois bens, o empresário tem uma renda mensal de R$ 769 mil (segundo reportagem da Veja). Dá pra viver tranquilamente na Inglaterra ou em qualquer lugar do planeta.

E onde entra a esposa, Paula Belmonte, nisso tudo?

Ela entrou para a política em 2018 e já se elegeu deputada federal em sua primeira participação. O que o dinheiro não faz, não é mesmo?

Paula passou o ano de 2018 envolvida com a CPI do BNDES. Chegou a viajar para Washington para fazer ruído com a suposta ‘utilização do banco de desenvolvimento para comprar companhias americanas durante os governos Lula e Dilma’.

Como a auditoria já revelou que não houve irregularidade nenhuma no BNDES, Paula agora volta a se submeter aos americanos e está à disposição para oferecer informações sobre o programa Mais Médicos e também investimentos que o Brasil tenha feito em Cuba.

Seu comportamento em Brasília é digno de uma dondoca.

Ainda no ano passado, Paula chegou atrasada em uma cerimônia do governo do DF e do Ministério da Cidadania. Por ter perdido um lugar entre as autoridades presentes, fez um barraco à la Big Brother, chegando a puxar pelo braço – e aos berros – a primeira-dama, Mayara Noronha.

O governador Ibaneis Rocha interveio: “Não aceito meninice de dondoca”.

Paula é do Cidadania e Felipe Belmonte é ex-PSDB. Os planos do casal são grandes. Pra já, a estratégia é tornar governador um dos dois em 2022. Mesmo que na cédula o nome conste como Izalci Lucas, não se engane.

Até lá saberemos se o partido que terá como número de legenda o 38 estará de pé. Depois disso, segura o casal.

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