Tradicional ranking da 'Transparência Internacional' revela que o Brasil, sob Bolsonaro, repete a pior nota nos índices de combate à corrupção. Promessas de campanha do presidente se converteram em mais retrocessos que avanços na pauta. Confira os 10 países mais bem posicionados
O Brasil caiu uma posição no ranking de percepção de corrupção elaborado pela Transparência Internacional, repetindo, em 2019, sua pior nota histórica. As informações foram divulgadas pela organização não governamental na madrugada desta quinta-feira (23).
Produzido desde 1995, o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) analisa 180 países e territórios e os avalia em uma escala na qual 0 o país é percebido como altamente corrupto e 100 significa que o país é percebido como muito íntegro.
No ano passado, primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), o Brasil obteve 35 pontos, o que o coloca na 106º posição (de 180 países), perdendo para Namíbia (56º), Argentina (66º) e Etiópia (96º). Entre os países sul-americanos, apenas Venezuela (173º), Paraguai (137º) e Bolívia (123º) têm notas piores que as nossas.
A pontuação brasileira em 2019 é a mesma de 2018, mas a posição do país no ranking caiu pela quinta vez seguida, passando de 43 pontos, em 2014, para 35 nos últimos dois anos.
De acordo com a Transparência Internacional, um dos motivos para a estagnação do Brasil no ranking é que não foram aprovadas reformas que promovessem o combate à corrupção.
A Transparência Internacional cita também que o primeiro ano do governo Bolsonaro foi marcado por graves denúncias de corrupção envolvendo membros do alto escalão do governo, além dos próprios filhos do presidente e da sua esposa.
“Viu-se ainda um aumento das tentativas de interferência política do Palácio do Planalto nos órgãos de controle, com substituições polêmicas na Polícia Federal e Receita Federal e nomeação de um Procurador-Geral da República fora da lista tríplice. No Congresso Nacional, foram aprovadas leis na contramão do combate à corrupção, como, por exemplo, a que criou mecanismos que enfraqueceram ainda mais a transparência de partidos e o controle do gasto público em campanhas eleitorais”, afirma.
Segundo a Transparência Internacional, o cenário só não foi pior “graças à forte reação da sociedade e das instituições brasileiras que conseguiram barrar alguns retrocessos significativos e garantir alguns avanços. No entanto, o país atravessou 2019 sem conseguir aprovar reformas que atacassem de fato as raízes do problema”.
Histórico de Notas do Brasil:
2012 (Dilma) –> 43
2013 (Dilma) –> 42
2014 (Dilma) –> 43
2015 (Dilma) –> 38
2016 (Temer) –> 40
2017 (Temer) –> 37
2018 (Temer) –> 35
2019 (Bolsonaro) –> 35
Os países menos corruptos:
1• Dinamarca
2• Nova Zelândia
3• Finlândia
4• Singapura
5• Suécia
6• Suíça
7• Noruega
8• Holanda
9• Alemanha
10• Luxemburgo
Os países mais corruptos:
1• Somália
2• Sudão do Sul
3• Síria
4• Iêmen
5• Venezuela
6• Sudão
7• Guiné Equatorial
8• Afeganistão
9• Coreia do Norte
10• Líbia
“O resultado reflete um ano de poucos avanços e muitos retrocessos na luta contra a corrupção no Brasil”, avalia Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional no Brasil. Para ele, trata-se de prova de que “discurso não é o suficiente”. “São necessárias medidas efetivas e coerência nas atitudes em todos os âmbitos”, diz.
informações do Congresso em Foco
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