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Imagens de Adriano da Nóbrega morto confirmam tese de ‘queima de arquivo’

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Revista consegue imagens exclusivas do corpo do miliciano Adriano da Nóbrega, amigo e aliado da família Bolsonaro. Fotos reforçam suspeitas de 'queima de arquivo'

A revista ‘Veja’ teve acesso com exclusividade a imagens que revelam que o ex-capitão do Bope e miliciano Adriano da Nóbrega teria sido morto com tiros disparados a queima-roupa.

De acordo com reportagem, as imagens reforçam a tese de execução. São fotografias de diversos ângulos, feitas logo depois da autópsia. Um dos projéteis atingiu a região do pescoço. O outro perfurou o tórax.

Segundo a ‘Veja’, a polícia baiana teria levado o ex-capital para o hospital, a 8 quilômetros do local do confronto, onde chegou morto.

“As fotos obtidas pela reportagem sustentam parte dessa versão — mas apenas parte. Os disparos que mataram Adriano da Nóbrega foram feitos a curta distância. Além disso, as imagens revelam um ferimento na cabeça do ex-capitão, logo abaixo do queixo, queimaduras do lado esquerdo do peito e um corte na testa”, diz a revista.

“Pode ter sido uma troca de tiros? Pode. Pode ter sido uma execução? Pode. Qual é o mais provável? Com esse disparo tão próximo, o mais provável é que tenha sido uma execução”, afirmou o médico legista Malthus Fonseca Galvão, professor da Universidade de Brasília (UnB).

O especialista acredita que o disparo na região do tórax tenha ocorrido a uma distância de, no máximo, 40 centímetros do corpo de Adriano. “Mais que isso, não”, declarou Galvão.

Sobre o tiro na região do pescoço, Galvão afirmou: “Pode ter sido um disparo após a vítima ter caído no chão, porque a imagem me sugere ser de baixo para cima, da direita para a esquerda, em quase 45 graus. Esse disparo pode ser o que o povo chama de ‘confere’”.

‘Confere’ é o famoso tiro de misericórdia, efetuado quando não há a intenção de salvar a pessoa baleada. Galvão também destacou uma marca cilíndrica cravada no peito do corpo.

“Tem muita chance de ser a boca de um cano longo após o disparo, quente, sendo encostada com bastante força por mais de uma vez. Nesse momento, ele estava vivo, com certeza, porque está vermelho em volta. É uma reação vital.”

O professor observou ainda que o ferimento na cabeça poderia ser um corte provocado por um facão, um machado ou um choque com a quina de uma mesa. Pessoas próximas a Adriano da Nóbrega dizem que ele foi torturado. O machucado na cabeça, por exemplo, teria sido resultado de uma coronhada de pistola.

Confira as imagens e a íntegra da reportagem da VEJA clicando aqui.

Adriano da Nóbrega

Chefe do ‘Escritório do Crime’, Adriano era procurado e considerado peça-chave para o esclarecimento do assassinato da vereadora Marielle Franco e sobre o esquema de rachadinha no gabinete do então depu­tado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador da República.

Em outubro de 2003, Flávio Bolsonaro fez a primeira homenagem a Adriano da Nóbrega. Em uma moção de louvor, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro destacou que o militar desenvolvia sua função com “dedicação” e “brilhantismo”.

Em junho de 2005, o deputado fez nova homenagem a Adriano, com a mais alta honraria da Alerj. O homenageado não compareceu à Assembleia para receber a Medalha Tiradentes porque estava preso.

Em outubro de 2005, quatro dias depois que Adriano foi condenado por homicídio em júri popular, o então deputado federal Jair Bolsonaro fez um discurso na Câmara dos Deputados em defesa de Adriano. Bolsonaro contou que compareceu ao julgamento do PM – segundo ele, um “brilhante oficial”.

Adriano e Fabrício Queiroz eram amigos e trabalharam no mesmo batalhão, segundo investigações do Ministério Público.

VEJA TAMBÉM: A foto que desmonta a versão oficial sobre a morte de Adriano da Nóbrega

Queiroz, que era ex-funcionário do gabinete de Flávio Bolsonaro, indiciou a mulher e a mãe de Adriano, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega e Raimunda Veras Magalhães, para trabalhar no gabinete de Flávio.

A mãe de Adriano e a ex-mulher dele receberam cerca de R$ 1 milhão em salários sem nunca terem aparecido para trabalhar no gabinete de Flávio.

A filha de Queiroz exerceu cargo de assessora no gabinete de Jair Bolsonaro, mas também era funcionária fantasma e nunca apareceu para trabalhar.

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