Acreditando estar com o coronavírus, homem comete suicídio para não infectar a família. "Meu pai passou o dia inteiro assistindo a vídeos relacionados ao coronavírus". Exames descartaram a doença e OMS lança alerta contra pânico. Ele deixa a esposa e três filhos
Um homem de 50 anos cometeu suicídio na Índia na última segunda-feira (10) para não contaminar a família com o novo coronavírus. Embora Bala Krishna não tenha sido diagnosticado com a doença, ele manteve a família distante até decidir se enforcar em uma árvore no distrito de Chittoor.
Bala Krishna adoeceu há alguns dias e visitou o hospital geral do governo para consulta médica no último dia 5, contou ao jornal indiano ‘Times of India’ o filho mais velho do homem, K Bala Murali.
O médico descartou o coronavírus, mas disse que ele sofria de infecção viral, lhe receitou um remédio e o aconselhou a usar máscara cirúrgica para evitar que o vírus se espalhasse.
Quando voltou para casa, Bala Krishna disse à família que havia contraído o Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) e pediu para que ninguém se aproximasse.
Quando os familiares tentaram dizer que dificilmente ele estava infectado pelo novo coronavírus, Bala Krishna os afastou atirando pedras.
“Meu pai ficou o dia inteiro assistindo a vídeos relacionados ao coronavírus, continuou dizendo que tinha sintomas semelhantes e que estava infectado”, contou Murlai. “Ele disse que temia que o vírus mortal pudesse se espalhar para eles e para outras pessoas. Quando um de nós tentou se aproximar, ele atirou pedras.”
Quando todos já dormiam, durante a madrugada de segunda, Bala Krishna fugiu de casa. Por volta das 3h, a família percebeu que ele havia desaparecido e que a casa estava trancada pelo lado de fora.
A mulher de Bala Krishna, Lakshmi Devi, 45, ligou para os vizinhos, que correram até lá para abrir a porta e iniciar as buscas. Pouco tempo depois, encontram o homem pendurado em uma árvore perto do cemitério em que sua mãe foi enterrada, nos arredores da vila.
Antes do desfecho trágico, Murali diz que contatou o governo local para pedir assistência ao pai, mas ninguém apareceu.
“Se alguém por trás dos números gratuitos tivesse respondido a tempo, meu pai estaria vivo hoje. Nosso único apelo ao governo é que conscientize as pessoas sobre o coronavírus para que ninguém mais morra por ignorância, como aconteceu a meu pai”, disse.
Bala Kirshna deixa a mulher, os filhos K Bala Murali, 22, e K Nagamani, 19, e a filha K Shilpa, 15.
Alerta contra pânico
Embora muitos países tenham restringidos viagens internacionais, como é o caso dos Estados Unidos, e tenha havido aumento da busca por máscaras cirúrgicas e álcool gel no Brasil, o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, garante não haver razão para pânico.
“Esse é o momento da ciência, não dos rumores”, afirmou, ao lembrar que o coronavírus causa sintomas semelhantes aos de um resfriado na maioria dos casos.
Alguns infectados não desenvolvem sequer os sintomas. A doença pode evoluir para pneumonia e morte apenas no grupo de risco: idosos e doentes.
Ainda segundo a OMS, a letalidade da cepa depende da relação entre os casos confirmados e mortes de infectados.
Hoje, o Covid-19 mata 2 a cada 100 pessoas diagnosticadas, mas o número de casos tem aumentado mais rápido do que o de mortes, o que indica que a taxa de mortalidade do vírus possa ser menor que 2%.
Coronavírus
Até agora, a transmissão entre humanos do coronavírus ocorreu assim:
♦ Proximidade do doente com familiares e profissionais de saúde
♦ Maioria dos casos envolve contato com quem visitou Hubei, cuja capital é Wuhan
♦ Fora da China, também já foram registradas transmissões entre pessoas
Qual a gravidade da doença?
♦ Os problemas respiratórios variam de leve a pneumonia e morte
♦ Gravidade é maior entre pessoas já doentes e idosas
Como se prevenir?
♦ Não entre em contato com quem sofre de infecções respiratórias
♦ Use lenço descartável
♦ Lave as mãos frequentemente
♦ Use álcool gel para limpar a superfície dos móveis e objetos
♦ Evite contato com animais selvagens ou doentes
as informações são do UOL e da Reuters
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