Redação Pragmatismo
Lula 12/Fev/2020 às 20:34 COMENTÁRIOS
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Imprensa brasileira não digere encontro entre Lula e o papa Francisco

Publicado em 12 Fev, 2020 às 20h34

Não poderia ser mais óbvia a reação de boa parte da imprensa brasileira ao noticiar o encontro entre Lula e o papa Francisco, marcado para a próxima quinta-feira

encontro lula papa francisco

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está em Roma para o encontro com o Papa Francisco. Ambos estarão frente a frente nesta quinta-feira (13), no Vaticano.

Boa parte da imprensa brasileira não está muito satisfeita com a reunião. “Esta será uma boa oportunidade para Lula confessar os seus pecados”, estampou ‘O Antagonista’, site utilizado por Sergio Moro para vazar informações.

Na revista Veja, o comentarista político Augusto Nunes, que é uma espécie de porta-voz do bolsonarismo, afirmou que se o papa “acreditar na conversa fiada de Lula” poderá ocorrer de os dois serem “castigados com um raio bíblico que reduzirá a escombros o Vaticano”.

Lula desembarcou em Roma em um voo comercial. Ele está acompanhado de seu ex-ministro Celso Amorim, que comandou o Itamaraty nos seus oito anos de governo (2003-10), e de alguns outros assessores.

“Vim para ouvir”, disse o ex-presidente sobre o encontro com Francisco. Será a primeira vez que o brasileiro e o atual líder máximo da igreja católica estarão juntos.

Gilberto Carvalho, ex-ministro de Lula, afirma que o papa estava acompanhando toda a situação do ex-presidente, lembrando das visitas de brasileiros ao Vaticano para tratar da condenação do petista.

Em dezembro de 2018, Chico Buarque e a namorada, a advogada Carol Proner, se encontraram com o líder católico na casa de hóspedes de Santa Marta, onde Bergoglio vive e onde provavelmente receberá Lula nesta quinta.

Na ocasião, Chico entregou a Francisco um documento sobre o chamado “lawfare”, prática de manipulação do sistema jurídico para fins políticos. O texto mencionava que “não é exagero reconhecer que o ‘lawfare’ se transforma em um dos maiores perigos para a democracia no mundo e não apenas na América Latina”.

Em julho do ano passado, num vídeo institucional divulgado pelo Vaticano, o pontífice argentino faz um alerta sobre a atuação dos juízes e diz que eles “devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade”. Francisco ainda pedia orações para que “todos aqueles que administram a justiça operem com integridade”.

Dois meses antes, em maio de 2019, o papa respondeu uma carta do ex-presidente brasileiro. Nela, Francisco faz uma analogia à páscoa (época em que a missiva foi escrita) e diz que, “no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação”.

Francisco ainda expressa “proximidade espiritual” a Lula em razão das mortes da sua mulher, Marisa Letícia, de seu irmão Genivaldo e do neto Arthur – as duas últimas ocorridas durante seu período na prisão – e pedia para ele “não desanimar”.

Em abril de 2019, Lula escreveu a Francisco da prisão agradecendo seu apoio ao povo brasileiro e à luta pela redução da pobreza e das desigualdades sociais.

Primeira viagem internacional

Esta é a primeira viagem internacional de Lula após ele deixar a prisão, em novembro. A ida à Itália foi autorizada pela Justiça de Brasília.

Nesta quarta, o ex-presidente recebeu no hotel o atual secretário-geral do Partido Democrático (um dos dois partidos que governa a Itália), Nicola Zingaretti, e o ex-primeiro-ministro italiano Massimo D’Alema.

Amanhã à noite, após o encontro privado com Francisco, Lula será recebido na Confederação Geral dos Trabalhadores Italianos, o maior sindicato de trabalhadores da Itália. O ex-presidente deve retornar ao Brasil no sábado (15).

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