Saúde

ALERTA: Curva de contágio do coronavírus no Brasil repete a da Itália

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Curva de contágio do coronavírus no Brasil repete a de países europeus que mais sofrem com o avanço da doença, alertam especialistas da Itália

(Imagem: Reuters)

O ritmo da disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no Brasil é, hoje, igual ao da Itália semanas atrás, demonstram dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo um estudo conduzido pelo Observatório Covid-19 BR, que analisa os números da pandemia no país e do qual fazem parte sete universidades, o número de casos deve passar de 3 mil já na terça-feira (24).

Participam da pesquisa físicos da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade de Berkley (nos Estados Unidos) e Universidade de Oldenburg (na Alemanha).

“Nossos cálculos corroboram a ideia que o início da curva epidêmica brasileira é igual às da Itália e da Espanha — quando estes países estavam no início [da epidemia]”, afirmou o professor Roberto Kraenkel, do Instituto de Física Teórica da Unesp.

Um outro levantamento, divulgado pela BBC Brasil, mostra que o crescimento de casos confirmados no Brasil segue um ritmo parecido com o da França.

“Na Itália, estamos assistindo a um filme idêntico ao que vimos na China, e a batalha será a mesma em todos os outros países do mundo, mas com dias ou semanas de atraso”, afirma Nino Cartabellotta, médico italiano e presidente da Fundação Gimbe, organização não governamental que promove a difusão de informações científicas confiáveis para a realização de políticas públicas.

“O Brasil tem a chance de jogar sabendo o resultado da outra partida, porque já viu o filme italiano. Comparar a curva de diferentes países não é um problema, muito pelo contrário”, diz Cartabellotta.

“Particularmente, me parece que o ritmo de contágio no Brasil possa seguir a trajetória da França”. Em apenas 10 dias, a França saltou de 50 casos para mais de mil. Depois disso, mandou seus 67 milhões de habitantes ficarem em casa, a não ser em caso de deslocamentos essenciais.

Nesta sexta-feira (20), o governo italiano anunciou que o país chegou a 47.021 casos confirmados desde o início do surto — ontem eram 41 mil.

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Para Cartabellotta, porém, o número não é realista e representa “só a ponta do iceberg”: “Assumindo que a gravidade da doença na Itália é semelhante à chinesa, pode-se prever que a parte submersa do iceberg tenha mais de 70 mil casos leves ou sem sintomas identificados”.

Na Itália, os exames são feitos, na maior parte das vezes, em pacientes com sintomas. Foram feitos 182.777 testes até agora — em média, um a cada 330 moradores do país. No Brasil, o Ministério da Saúde informou que foram feitos apenas 13 mil testes.

O problema da subnotificação se repete em todos os países que não tenham adotado uma estratégia agressiva de testar ampla parte de população. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, o presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner, estimou que o Brasil tenha 15 casos “ocultos” para cada diagnosticado.

“Na falta de uma vacina ou de remédios específicos para o vírus, as medidas de distanciamento social são a única arma à nossa disposição para neutralizar a epidemia”, alerta Cartabellotta.

A eficácia, porém, está condicionada a uma alta adesão por parte da população às recomendações das autoridades — seja na Itália, seja no Brasil.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não adotou medidas efetivas de combate e contenção ao coronavírus. Ao contrário, chamou de “exageradas” as ações dos governos estaduais contra a disseminação da doença.

Diferente do resto do mundo e dos governadores, Bolsonaro diz não concordar com o isolamento como forma de contenção do covid-19. Com isso, o mandatário demonstra estar mais preocupado com a economia do que com a pandemia.

Evolução

A Itália teve os dois primeiros casos da doença diagnosticados no dia 30 de janeiro, em um casal de turistas chineses. Dezoito dias depois, foi detectada a primeira transmissão local no país e menos de um mês após a notificação dos primeiros casos, em 24 de fevereiro, já eram 224 casos. Daí em diante, a escalada foi colossal.

No Brasil, o primeiro caso importado da doença foi confirmado no dia 26 de fevereiro. Nesta sexta-feira (20), vinte dias após o diagnóstico deste paciente, o país tem 658 casos confirmados, cerca de 15 mil pacientes em investigação por suspeita da doença e oito óbitos registrados.

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