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Após Twitter, Facebook e Instagram também apagam publicações de Bolsonaro

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Presidente da República tem publicações apagadas do Twitter, do Facebook e do Instagram "por colocar as pessoas em risco". Pandemia do coronavírus consolida status de Bolsonaro como pária internacional

(Imagem: Reprodução/Uol)

O Twitter apagou nesta semana postagens de Jair Bolsonaro (sem partido) relacionadas ao coronavírus. As duas maiores redes sociais do mundo, Facebook e Instagram, também decidiram punir o presidente brasileiro “por colocar as pessoas em risco”.

“Jair Bolsonaro cria desinformação que pode causar danos reais às pessoas”, afirmaram as redes sociais. Uma das publicações removidas é de um vídeo do passeio que o presidente fez no Distrito Federal neste domingo (29), criando aglomeração e contrariando todas as recomendações mundiais de enfrentamento ao novo coronavírus.

No Twitter, Bolsonaro foi o primeiro chefe de estado a ter publicações removidas. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também teve um texto removido sobre o coronavírus. A publicação de Maduro indicava uma receita caseira de uma bebida que poderia ser útil para curar a doença.

Em meio à pandemia, Twitter, Facebook (dona do Instagram e WhatsApp) e outras empresas de tecnologia, como Google e Microsoft, assinaram uma declaração conjunta em que se comprometeram a combater fraudes e desinformações sobre o novo coronavírus. Desde então, elas enrijeceram seus filtros sobre publicações a respeito dos temas em suas plataformas.

Na filmagem que foi apagada pelo Facebook, Bolsonaro cita o uso de cloroquina para o tratamento da doença e defende o fim isolamento social. A hidroxicloroquina, combinado de cloroquina e azitromicina, está em fase de testes e não há comprovação de sua eficácia contra o novo coronavírus.

Em Taguatinga, ele conversa com trabalhadores informais, escuta críticas à quarentena, concorda com a cabeça, e diz que o medicamento está dando certo.

O outro post apagado pelo Twitter ainda está ativo no Facebook e Instagram. Nele, em Sobradinho, o presidente entra em um açougue, fala com funcionários, projeta o desemprego que o isolamento social pode causar e, de novo, cita o remédio. Bolsonaro, atualmente, tem 12,2 milhões de seguidores no Facebook e 15,9 milhões no Instagram. No Twitter, são 6,3 milhões.

“Hole family”

Eduardo Bolsonaro, o ‘zero três, compartilhou uma publicação em seu Twitter do youtuber conservador Paul Joseph Watson, uma das figuras mais emblemáticas da direita radical na Inglaterra.

No post, Watson comenta sobre a decisão do Twitter em apagar posts do presidente Jair Bolsonaro. O britânico afirma que ele foi o primeiro chefe de estado do mundo a ser “censurado” pela rede social.

Ao compartilhar, Eduardo fez um comentário em inglês para respondê-lo, mas acabou errando feio na escrita de uma das palavras. “From the hole family”, escreveu o parlamentar. Porém, “hole” significa “buraco”. Eduardo basicamente escreveu: “Da família buraco”.

Após ser bastante zoado nas redes sociais e viralizado por seu erro grotesco de inglês (vale lembrar que ele já chegou a ser cogitado para assumir a Embaixada do Brasil nos EUA), ‘Bananinha’ apagou a publicação e fez uma nova, corrigindo-se.

Pária internacional

O correspondente internacional Jamil Chade, que cobre o dia a dia das Nações Unidas, afirma que a imagem de Jair Bolsonaro no mundo nunca esteve tão castigada. Confira trechos:

Primeiro foi o desrespeito pelos princípios básicos de direitos humanos, chocando a comunidade internacional. Depois, a insistência em elogiar ditadores sul-americanos acusados de crimes contra a humanidade. Não demorou para que ele voltasse ao centro das atenções internacionais, desta vez por conta da Amazônia, dos incêndios e sua hesitação em aceitar a realidade das mudanças climáticas. Ele ainda desfilou ofensas contra líderes estrangeiros, seus pais ou esposas, rompendo todos os protocolos de civilidade. Agora, é a pandemia que coloca o governo de Jair Bolsonaro na contramão do mundo.

A realidade é que, nos meios diplomáticos, científicos, opinião pública estrangeira e na imprensa internacional, o coronavírus consolidou a imagem de pária internacional do presidente brasileiro. Imagem essa que já estava sendo construída ao longo dos meses com uma mistura de declarações desastrosas, ausência de políticas e uma imagem de capacho dos interesses americanos.

Em diferentes capitais, a impressão que surgiu foi que a diplomacia presidencial — central na política externa de um país — sucumbiu aos interesses de uma família e se limitou à declaração de amor em relação ao presidente Donald Trump.

Na OMS, Bolsonaro passou a ser visto por uma parcela dos técnicos como um “perigo”, já que sinalizou à população seu desprezo pela ciência, por divulgar falsas informações e ainda ignorar as recomendações dos especialistas.

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