Jair Bolsonaro volta a tentar minimizar a gravidade da pandemia do coronavírus e diz que ações de governadores para conter a doença prejudicam a economia. Presidente ainda falou que fará “festinha de aniversário” no próximo dia 21
O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, em entrevista nesta terça-feira (17) para a rádio Tupi, que vê “histeria” em relação ao novo coronavírus e criticou medidas para evitar aglomerações adotadas por governadores para conter o avanço do vírus no país. Para Bolsonaro, as medidas “vão prejudicar muito a economia”.
Bolsonaro deu as declarações no dia em que fez o segundo teste para ver se foi infectado pelo coronavírus — o primeiro exame, segundo o presidente, teve resultado negativo.
Nesta terça, o Brasil passou dos 300 casos de pessoas com Covid-19 (a doença causada pelo coronavírus) e o país registrou a primeira morte de pessoa infectada, conforme informou o governo de São Paulo.
Sem citar nomes, Bolsonaro criticou medidas de restrição de circulação de pessoas, adotadas pelos estados. Governadores de diferentes estados suspenderam aulas, recomendaram cancelamento de atividades em cinemas e teatros. O Rio, por exemplo, determinou a redução de 50% da frota e ônibus, barcas, trens e metrô.
“Tem alguns governadores, no meu entender, eu posso até estar errado, mas estão tomando medidas que vão prejudicar em muito a nossa economia”, afirmou o presidente.
“A vida continua, não tem que ter histeria. Não é porque tem uma aglomeração de pessoas aqui ou acolá esporadicamente. Tem que ser atacado exatamente isso, tirar a histeria”, argumentou.
Bolsonaro também criticou o fechamento, por tempo indeterminado, da Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Segundo a feira, a ação cumpriu “determinação do prefeito Marcello Crivella, que decidiu abranger a determinação de não aglomeração para todos equipamentos culturais da Prefeitura do Rio de Janeiro”.
“Agora, prejudica, eu vi, não sei se é verdade, que a nossa feira dos nordestinos está proibida de funcionar. Eu não sei, isso é uma histeria. Porque o cara não vai na feira do nordestino, ele vai na esquina ali comer um churrasquinho de gato, ou vai em um outro local qualquer e vai se juntar. Cara não vai ficar em casa. Então, essa histeria leva a um baque da economia. Alguns comerciantes acabam tendo problemas”, reclamou Bolsonaro.
O presidente voltou a mostrar discordância com a suspensão de partidas de futebol, adotada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e por algumas federações estaduais, a exemplo do que já ocorreu com ligas europeias.
Questionado se o Brasil está preparado para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro afirmou que o Brasil teria de encarar a situação, mas considera errado o que classifica como “histeria”.
De acordo com Bolsonaro, o país “estará livre” do novo coronavírus no momento em que “um certo número de pessoas forem infectados e criarem anticorpos”, o que serviria de “barreira para não infectar quem não foi infectado ainda”.
Por fim, o presidente afirmou que deve fazer uma “festinha tradicional” para comemorar, no próximo dia 21, seu aniversário de 65 anos. Sua esposa, Michelle Bolsonaro, faz aniversário no dia seguinte.