Médicos cubanos que vão à Itália combater coronavírus deixam Havana sob aplausos. Profissionais também estão sendo deslocados para outros países. Para ações internas dentro da ilha, governo convocou 28.000 estudantes de medicina para participar de uma “força tarefa”
Médicos cubanos que foram à Itália ajudar no combate ao coronavírus deixaram Havana sob aplausos dos passageiros no Aeroporto Internacional José Marti. Eles vão ao país europeu mais castigado pelo covid-19, onde morreram cerca de 800 pessoas nas últimas 24 horas.
Segundo as autoridades italianas, ao menos 65 médicos e enfermeiros cubanos chegaram a Milão neste final de semana para participar do combate ao vírus.
“Esta brigada reforçará um dos diretores mais angustiados, o de Crema”, explicou conselheiro de Bem Estar da região da Lombardia, Giulio Gallera.
Durante coletiva de imprensa, Gallera ainda informou que o governo italiano também está conversando com outros países, como China e Estados Unidos, para enviar mais médicos para à Itália e assim “criar um exército médico da Organização das Nações Unidas”.
Jamaica
Médicos cubanos também partiram neste final de semana para a Jamaica. O grupo faz parte do Contingente Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastres e Graves Epidemias Henry Reeve.
“Nós que partimos não somos escravos, marchamos de maneira voluntária para oferecer nossa ajuda solidária, curar os que necessitam em qualquer lugar do mundo, convencidos de que, outra vez, ‘Davi venceu Golias’, e que fracassaram as mentiras e calúnias contra a colaboração médica cubana”, disse Eduardo Ropero Poveda, coordenador da brigada.
Solidariedade
O governo cubano confirmou que há 16 casos de coronavírus no país, todos em pessoas que foram ao exterior ou tiveram contato com viajantes.
Com controle rígido de entrada e saída e ações de vigilância extensas e consolidadas, as autoridades de saúde têm colocado em isolamento todas as suspeitas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não há transmissão local de Covid-19 em Cuba.
Em paralelo a isso, o país implementa ações de solidariedade a outras nações no combate à doença. No caos do acolhimento do navio britânico, governos do Reino Unido e da Irlanda do Norte tentavam acordos humanitários para que os doentes desembarcassem e fossem repatriados aos seus países de origem de avião.
As ações do solidariedade são tratadas pelo governo cubano como um princípio central. “O enfermo não é uma mercadoria. A saúde pública é um direito humano, não pode ser um fenômeno de mercado. É uma questão de princípios, seres humanos são seres humanos e tem direitos. Isso independe da política. São humanos. É um princípio fundamento da revolução. Não desprezamos o mercado, sabemos que o mercado tem que existir, mas a política não pode se mover em função do mercado”, afirma Pedro Monzón, cônsul de Cuba no Brasil.
28 mil estudantes
Nesta sexta-feira, 20, que convocou cerca de 28.000 estudantes de medicina para participar de uma “pesquisa ativa” nas cidades da ilha. Objetivo é encontrar casos suspeitos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, antes que a epidemia se espalhe pelo país caribenho.
A tarefa delegada aos universitários consiste em ir de casa em casa para identificar os casos suspeitos e reportar ao Ministério da Saúde Pública (Minsap).
“Essa atividade não consiste em realizar nenhum exame ou ter qualquer contato físico com as pessoas (…) Nós nem orientamos a entrada nas casas, mas manter a distância”, ressaltou González. Os dados coletados, então, são entregues ao Minsap, responsável “por realizar uma profunda investigação epidemiológica”.
VÍDEO:
Rússia envia ajuda à Itália
Por decisão do presidente Vladimir Putin, os militares russos começarão a enviar ajuda médica à Itália a partir deste domingo, a fim de ajudar o país a combater o grande número de casos de covid-19, informou o Ministério da Defesa da Rússia.
A missão deve incluir oito equipes médicas móveis, juntamente com equipamentos médicos e caminhões de desinfecção com aerossóis.
Juntamente com a China e o Irã, a Itália tem sido um centro global do surto e sofreu mais infecções do que qualquer outro país.
No início do domingo, a Itália registrou 53.578 infecções confirmadas, embora especialistas tenham dito que o número real de casos é provavelmente muito maior. Já a Rússia tem comparativamente poucas infecções relatadas, com apenas 306 casos confirmados neste domingo.