Fake news sobre "como curar coronavírus" mata 44 pessoas no Irã
Fake news sobre coronavírus leva 44 pessoas à morte no Irã, uma das nações mais afetadas pela doença até o momento. País está abrindo valas visíveis do espaço para enterrar vítimas
O Irã já registrou mais de 10 mil infectados pelo novo coronavírus (covid-19), mas o número pode ser ainda maior em razão do desencontro de dados oficiais fornecidos pelo governo.
Além das vítimas da doença, outras pessoas morreram no país por conta de uma fake news que viralizou. Na última semana, começaram a circular boatos de que o álcool poderia combater o coronavírus.
Como a venda e o consumo de bebidas alcoólicas é proibida no país, que segue à risca os preceitos do islamismo, as pessoas resolveram tomar álcool puro, usado para limpeza, ou bebidas contrabandeadas.
O resultado foi catastrófico e mais de 40 iranianos morreram apenas na última terça-feira (10) por intoxicação causada por metanol. “A situação aqui é terrível, muito pior do que se pensa”, disse um brasileiro que trabalha em uma ONG internacional que presta assistência a crianças carentes no Irã.
As ruas da capital Teerã e de outras importantes cidades do país têm amanhecido praticamente vazias. “Ninguém sabe ao certo o grau da crise, mas fala-se em mais de 1.500 mortos”, afirma o brasileiro.
Valas visíveis do espaço
O jornal “Washington Post” divulgou nesta quinta-feira (12) que o Irã está escavando valas visíveis do espaço para enterrar suas vítimas. Imagens de satélite mostram duas grandes trincheiras com cerca de 100 metros de comprimento.
A escavação é realizada no complexo de Behesht-e Masoumeh, o maior cemitério de Qom, cidade xiita a cerca de 180 quilômetros de Teerã, onde surgiram os primeiros casos de infecção no país.
De acordo com analistas e vídeos divulgados em redes sociais, a dimensão das valas e a velocidade com que foram construídas sugerem que os ritos fúnebres tradicionais foram abandonados.
O Irã pediu nesta quinta-feira ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) para combater a epidemia do coronavírus. Segundo o governador do Banco Central iraniano, Abdolnasser Hemmati, seriam necessários “aproximadamente US$ 5 bilhões”. O país não recorre ao fundo desde 1962.