Saúde

Idosa chora ao ver prateleiras vazias em supermercado e comove as redes

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Coronavírus: idosa chora ao ver prateleiras vazias em supermercado e comove as redes. Entidades e especialistas afirmam que não há chance de haver desabastecimento. Professor explica que falta pontual de alguns produtos ocorrem por conta de "comportamento anticidadão"

Idosa chorou em supermercado da Austrália, relata jornalista

A imagem de uma idosa chorando diante das prateleiras vazias em um supermercado na Austrália comoveu as redes sociais neste fim de semana. A foto foi publicada pelo jornalista Seb Costello, acompanhada de um apelo para que as pessoas parem de estocar produtos. Na Austrália, já foram registrados 1353 casos de coronavírus e 7 mortes.

As imagens de prateleiras vazias são comuns desde o início da pandemia do novo coronavírus em vários países, apesar dos apelos das autoridades de que não é necessário estocar alimentos e produtos.

A imprensa local relata que os supermercados australianos já implementaram horários de compras dedicados para idosos e pessoas que estão no grupo de risco da covid-19 fazerem suas compras — geralmente durante a primeira hora de negócios da manhã.

A estocagem de alimentos tem sido duramente desaconselhada em meio à pandemia, uma vez que, além de gerar pânico, desabastece pessoas que não têm condições de comprar produtos em grande quantidade.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, pediu aos cidadãos que parem de comprar suprimentos desnecessários. “Pare com isso. Não é sensato, não ajuda e foi uma das coisas mais decepcionantes que já vi no comportamento australiano em resposta a esta crise. Isso não é quem somos como povo (…) Pare de fazer. É ridículo”, afirmou.

Supermercados no Brasil

Com a pandemia do novo coronavírus, supermercados em todo o Brasil têm corrido para atender à alta demanda e proteger os consumidores em suas lojas. Mesmo com autoridades e representantes do setor garantindo que não há necessidade de fazer estoque de alimentos, a população continua indo em massa aos supermercados.

De acordo com a Apas (Associação Paulista dos Supermercados), o movimento nos supermercados do estado cresceu 48,5% entre 20 de fevereiro e 19 de março. Em 25 de fevereiro, o Brasil confirmou seu primeiro caso de coronavírus. Desde então, autoridades de saúde e estaduais vêm anunciando medidas no sentido de restringir a circulação da população.

Para a entidade, essa “aceleração do consumo” se deu porque refeições que eram feitas fora de casa passaram a ser realizadas em casa, resultado do fechamento de escolas e creches e da prática de home office, levando à antecipação de compras.

Ao mesmo tempo, aproveitando a angústia e o medo disseminados entre muitos brasileiros, circulam fake news sobre falta de comida e supermercados fechando. Movidos pelo pânico, consumidores procuraram estocar mantimentos para muitas semanas.

No Rio, por exemplo, circulou em grupos de WhatsApp um anúncio do supermercado Guanabara dizendo que ele não faria mais atendimento.

Desabastecimento?

Entidades e especialistas afirmam que não há chance de haver desabastecimento nos mercados e supermercados brasileiros. “Pode haver falta pontual de alguns produtos em função do tempo de reposição, quando o supermercado, por exemplo, trabalha com estoques ajustados ao movimento rotineiro”, disse Ronaldo dos Santos, presidente da Apas, em nota.

“Não há nenhum motivo para uma corrida desenfreada para as lojas, porque nós supermercadistas estamos preparados para atender essa demanda”, garantiu Queiroz, da Asserj, em entrevista ao Jornal Nacional.

Também em nota, a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Abastecimento Geral do Estado de São Paulo) informou que “as atividades de comercialização continuam funcionando normalmente e, até o presente momento, não há dados sobre qualquer tipo de alteração”.

Segundo Silvio Laban, professor do Insper, o desabastecimento até agora tem acontecido mais por consequência do desespero do consumidor. “As pessoas estão indo comprar em volume que não comprariam. No mundo inteiro está acontecendo isso, resultado de um misto de angústia e medo e desinformação”, disse ao Nexo.

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Ele afirmou que embora seja natural preparar a dispensa para evitar sair de casa “não existe nada que justifique estocar comida para dois, três meses”. O comportamento é ainda anticidadão, na avaliação do especialista. “É preciso pensar se ao comprar em excesso não estarei prejudicando a pessoa ao lado que não vai conseguir comprar”, afirmou.