Redação Pragmatismo
Saúde 19/Mar/2020 às 10:48 COMENTÁRIOS
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Médicas que votaram em Jair Bolsonaro declaram arrependimento

Publicado em 19 Mar, 2020 às 10h48

"Ele debochou da saúde pública. É um momento em que precisamos ter pessoas serenas na governança do país e a gente não tem. Começou a cair a ficha agora". Médicas que pediram a saída de Dilma e votaram em Jair Bolsonaro explicam por que aderiram ao panelaço contra o presidente

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Uma reportagem publicada pela BBC Brasil nesta quinta-feira (19) entrevistou médicas que votaram em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, mas estão arrependidas após se depararem com a postura e atitudes irresponsáveis do presidente diante da pandemia do coronavírus.

Confira alguns dos depoimentos das profissionais de saúde que aderiram ao panelaço desta quarta-feira contra Jair Bolsonaro:

“É um momento em que precisamos ter pessoas serenas na governança do país e a gente não tem. O pessoal começou a cair a ficha mesmo. Tinha muita gente gritando no meu bairro [Ipiranga]. A gota d’água, como profissional de saúde, foi ver ele apoiando os protestos do dia 15. Muitas pessoas ainda têm receio de aderir às medidas sanitárias de urgência porque ele criou essa narrativa de que não é nada demais, de que é histeria. Porque apesar de ele negar, ele incentivou sim, quando foi lá e quando disse que o povo é valente (por ir às ruas). Ele debochou dos médicos e da saúde pública. Como médica (quando eu vi o presidente na multidão), meu sentimento foi de ultraje a angústia, a repulsa. Como chefe de Estado, Bolsonaro tem a responsabilidade de dar o exemplo. As pessoas são influenciadas pelo discurso dele. (Isso) vai aumentar a demanda na saúde, (a contaminação) podia ser pra menos pessoas, menos grave” — Juliana Pacheco, 35 anos, cirurgiã, eleitora de Bolsonaro.

“Achei que o Bolsonaro teria políticas melhores do que o PT porque tinha um bom time, como o Sérgio Moro e o Paulo Guedes. A forma como ele desrespeitou o próprio ministro (da Saúde, Luiz Henrique Mandetta) mostra que não está preocupado com a crise (do coronavírus), que sua atitude é só política. Essa atitude irresponsável diante de uma crise séria de saúde pública é o fim, o fim.” — Elisa Freitas, médica paulista.

“A postura de Bolsonaro frente à pandemia, só posso dizer que é um absurdo. Me parece que ele não tem consciência mesmo do nível de influência que ele tem sobre as pessoas. Parece que nem imagina o quanto sua opinião ou seu comportamento influencia a nação e o mundo. Se ele sabe e continua fazendo, é digno de uma avaliação psiquiátrica mesmo. A atitude dele estimulou um bando de gente a não levar a sério os riscos. Assim que ele decidiu descer para cumprimentar, endossou esse estímulo” — Natália Freire, médica de Bragança Paulista.

As três médicas, que estiveram nas manifestações pelo impeachment de Dilma, não são as únicas ex-apoiadoras a mudar de opinião diante da resposta do presidente à crise.

Diversas figuras públicas da base de apoio ao presidente, como a deputada Janaína Paschoal, criticaram sua postura, e uma análise do departamento de Análise de Políticas Públicas da FGV mostra que a base de apoio a Bolsonaro perdeu espaço nas redes nos últimos dias.

Segundo o monitoramento da FGV de 12,5 milhões de postagens no Twitter, o eixo de apoio a Bolsonaro, que antes dos protestos reunia 12% das interações, caiu para 6,5% de participação até quarta (18).

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