Mortos na Espanha passam de 4 mil e país prorroga isolamento
Coronavírus: número de mortos na Espanha não para de crescer e medidas de isolamento são prorrogadas em comum acordo entre governo e oposição. Vice-primeira ministra está hospitalizada e pista de gelo é transformada em necrotério. Estado de emergência demorou a ser adotado no país
A Espanha ultrapassou, ontem, o número de mortes registradas na China por causa do novo coronavírus. Desde o início do surto, em 31 de janeiro, foram 3.434 óbitos, 738 deles nas últimas 24 horas.
O primeiro-ministro, Pedro Sánchez, pediu ao Congresso a ampliação do estado de alerta até 11 de abril. “Não houve um só dia em que este governo deixou de atuar”, declarou o premiê.
“Não é fácil estender o estado de emergência, estou convencido que a única opção eficiente contra o vírus é o isolamento social”, continuou.
A maioria dos 321 deputados votou a favor, e 28 se abstiveram. A oposição também apoiou a ampliação do isolamento, ainda que o líder dos adversários do governo, Pablo Casado, tenha dito que Sánchez deu uma resposta atrasada.
Casado criticou a decisão de não adiar a marcha do Dia das Mulheres, que levou centenas de milhares de pessoas às ruas, e a falta de equipamentos médicos.
Corpos abandonados
Além de relatos de corpos abandonados por até 15 horas em residências, a Espanha enfrenta o horror de não conseguir lidar com o ritmo de vítimas e se viu obrigada a improvisar necrotérios e hospitais de campanha.
Desde 13 de março, o número de leitos de UTI ocupados no país aumentou 43%. A vice-primeira-ministra, Carmen Calvo, foi diagnosticada com a Covid-19, após ser hospitalizada no domingo com problemas respiratórios.
Os asilos foram especialmente atingidos pela Covid-19. Ao menos 397 residentes dessas casas morreram pela ação do novo coronavírus, segundo a rádio Cadena Sur.
Em Madri, a região mais afetada, um local de patinação de gelo foi convertido em necrotério porque as funerárias não conseguem recolher todos os corpos. Encontrar equipamentos como máscaras e luvas é difícil no país.
A Espanha fez uma encomenda de máscaras, kits de testes e luvas no valor de 432 milhões de euros (R$ 2,4 bilhões) da China e pediu ajuda à Otan para comprar ventiladores.
Brasileiros na Espanha
A jornalista Tatiana Mantovani, 36 anos, vive há 8 em Madri e afirma que tem saída de casa somente para ir ao supermercado e à farmácia.
“Mesmi assim, a gente reveza, pois não autorizam a circulação de mais de duas pessoas juntas. As ruas estão praticamente vazias. O medo existe, ainda mais quando a gente vê as notícias que têm chegado, né? O maior pavilhão da cidade, o Ifema, que recebia congressos e conferências, se transformou em hospital de campanha. As imagens das camas enfileiradas lembra um cenário de guerra. O governo devia ter ordenado o confinamento antes, demorou para tomar essa decisão”, relatou.
Em Valencia, Lalo Alberto Ceron Díaz, 57, acreditar que a Espanha se aproximará em breve da Itália no número de mortos. “Por aqui, há muito temor nas ruas. Uma porcentagem mínima da população tem tratado isso de maneira irresponsável. A maioria dos espanhóis atende às recomendações das autoridades”.
com informações do CB