Ao vivo, na CNN Brasil, o ultra-bolsonarista Caio Coppolla é humilhado pela advogada Gabriela Prioli. Vídeo viralizou nas redes
Na estreia da CNN Brasil, a advogada Gabriela Prioli travou um debate acalorado com o comentarista Caio Coppolla, 32, considerado ‘lambe-botas’ do clã Bolsonaro.
Gabriela, 33, é mestre em direito penal, professora da pós-graduação em direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, especialista em política de drogas e comentarista política.
A ideia do programa da CNN é que Gabriela e Caio mostrem seus pontos de vista a partir de perspectivas ideológicas diferentes, num formato inspirado no “The Great Debate” (o grande debate), da matriz americana do canal.
No último domingo (15), os dois discutiram a respeito da participação irresponsável de Jair Bolsonaro nas manifestações e também sobre o orçamento do executivo e do legislativo.
Nas redes sociais, internautas reagiram. “Com vocês, a maior jantada de 2020. Isso é o que acontece quando se coloca um lambe-botas do governo para debater com uma mulher que está 250 níveis acima em preparo e estudo”, escreveu Felipe Neto.
VÍDEOS:
Recentemente, Gabriela concedeu entrevista ao portal Universa. Confira alguns trechos:
— Diretores da CNN Brasil já se encontraram com Jair Bolsonaro, e o principal investidor do canal no Brasil, o empresário Rubens Menin (da construtora MRV), defende o presidente publicamente. Já teve alguma orientação sobre o que pode ou não criticar em relação ao governo?
Comigo ninguém falou nada. O que eu sei é que o Bolsonaro não me apoia, nunca nem falei com ele, não sei se ele concorda com alguma coisa que eu digo.
— Nas redes sociais, você reforça seu apreço pelo diálogo civilizado. Mas uma reclamação do brasileiro hoje é justamente não conseguir conversar com quem pensa diferente. Como debater com quem tem ideias divergentes?
Não tem segredo. Primeiro, tem que saber o que se quer quando se propõe a debater. Quer ganhar a discussão ou encontrar caminhos de consenso? Se quiser ganhar, ok, então pode reproduzir senso comum, aí vai ter mais fãs, repercutir nas redes sociais. Mas, se o objetivo for debater de forma séria e civilizada, tem que seguir as regras do jogo, tem que ser leal. Pode discordar, mas não dá para trazer dados falsos ou usar argumentos da vida pessoal. Também existe a possibilidade de se retirar. Se perceber que está perdendo a estribeira, sai e toma uma água.
— Pensa em falar sobre direitos das mulheres no programa?
Claro que sim. É extremamente relevante. Acredito que políticas afirmativas são bem-vindas quando existem tratamentos desiguais. Os números de violência contra mulher são alarmantes, mas precisam ser discutidos não só pela perspectiva criminal, também de educação, como estratégia a longo prazo. Mais punições servem? O sistema comporta? É suficiente ou precisa de atividade paralela em outro campo? Mas os assunto que mais me tocam são os relacionados ao direito penal, como a questão do sistema carcerário, dos impactos nocivos da forma como se faz a gestão hoje.
— Você é especialista em políticas de drogas com mestrado sobre repressão penal a usuários de crack. Qual é a sua avaliação sobre a legislação brasileira acerca do tema?
Já passou do tempo de descriminalizar o porte de drogas para uso pessoal, e precisamos sentar para discutir a legalização das drogas. É um movimento em que nem vamos inovar, vamos seguir outros países que já estão liberando drogas para uso recreativo. A gente precisa discutir os assuntos sem considerá-los tabu: 30% do nosso sistema carcerário é formado por pessoas presas por crimes relacionados a drogas. No caso das mulheres, são 60%. A gente tem um sistema carcerário superlotado, e as pessoas continuam defendendo políticas para aprimoramento de segurança pública com aumento do encarceramento que, na verdade, tem um efeito contrário ao que a gente espera, que a longo prazo gera mais insegurança em vez de segurança. Precisamos discutir isso com honestidade intelectual e sem alarmismo porque vai gerar um problema para todos nós. Temos uma guerra às drogas que produz muita violência em nome do combate, mas que não tem produzido efeitos muito positivos.