Saúde

Presidente brasileiro morreu na pandemia de gripe do século XX

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Após Fábio Wajngarten ser diagnosticado com coronavírus, cresce a preocupação de contaminação de Donald Trump e Jair Bolsonaro. Há uma coincidência histórica envolvendo presidentes de Brasil e EUA em pandemias: a gripe espanhola. Naquele caso, o brasileiro morreu

Trump ao lado de Wajngarten no último fim de semana. Chefe da Secom do governo Bolsonaro foi diagnosticado com coronavírus

Charles Nisz, DCM

Com a confirmação de caso positivo de coronavírus para o Secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarter, cresce a preocupação de contaminação de duas das pessoas mais relevantes do planeta: Donald Trump e Jair Bolsonaro, presidentes dos Estados Unidos e do Brasil.

Wajngarter esteve com os ambos na recente viagem feita por Jair aos Estados Unidos nesta primeira semana de março.

Testou positivo na quarta (11) e está em quarentena. Trump e Bolsonaro ainda precisam de confirmação se têm a doença.

No caso do capitão, o resultado será divulgado nesta sexta-feira (13).

Uma contraprova, na verdade – o exame inicial fica pronto em poucas horas. O segundo é que é mais demorado.

Seria uma tremenda ironia se Bolsonaro testasse positivo logo após dizer que a preocupação com a pandemia é “fantasia” criada pela mídia.

Há uma coincidência histórica envolvendo presidentes de Brasil e EUA em pandemias: a gripe espanhola.

Em março de 1918, quase 100 anos atrás, o mundo enfrentava a I Guerra Mundial e o conflito parecia não ter fim.

Para piorar, a gripe causaria 50 milhões de mortes – o dobro das ocorridas no front.

Na atual crise, os mais afetados são os idosos; em 1918, quem mais morriam eram os jovens adultos.

Um dos brasileiros mortos foi justamente o presidente da República, Rodrigues Alves.

Eleito em 1º de março de 1918 para o segundo mandato – o primeiro havia sido de 1902 a 1906, contraiu a doença antes da posse, em 15 de novembro.

Alves morreu em 16 de janeiro de 1919. Conforme a regra da época, houve nova eleição, pois a vacância ocorreu antes da metade do mandato.

Woodrow Wilson, presidente dos EUA à época, contraiu a Espanhola enquanto participava das negociações de paz ao final da I Guerra.

Defendia um acordo igualitário, mas teve envolvimento nas conversas, ainda que prejudicado.

Com a ausência de Wilson nas negociações, os termos da rendição imposta à Alemanha pelo Tratado de Versailles mergulharam o país em grave convulsão econômica, social e política.

Criaram, então, ambiente para ascensão do nazismo e a eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Cerca de 20% população mundial foi infectada pela gripe Espanhola.

A primeira guerra a reunir exércitos de todos os continentes criou condições ideais para a propagação do vírus.

Em 1918, combatentes de nações de todas as partes do planeta se enfrentavam na Europa.

Aglomerados, em condições insalubres e sem imunidade, tornaram-se o vetor ideal para espalhar a gripe.

A epidemia chegou ao Brasil em setembro de 1918, quando o navio inglês Demerara, vindo de Lisboa, atracou em Recife, Salvador e Rio de Janeiro.

Em 23 de setembro, surgiu a notícia de 55 marinheiros brasileiros acometidos por dengue ou “uma espécie de tifo”, no porto de Dakar, durante operações de guerra na costa da África.

Em poucas semanas, surgiram novos casos em outras cidades do Nordeste e em São Paulo.

Calcula-se entre 30 a 35 mil o número de mortos no País. Conforme dados do Instituto Butantã, 12,7 mil só no Rio de Janeiro.

Houve ainda seis mil mortes em São Paulo, 1.316 em Porto Alegre, 1,25 mil em Recife e 386 em Salvador.

A pandemia foi causada por um vírus do tipo H1N1 – o mesmo da pandemia de 2009, chamada de “gripe suína”.

Por fim, a última das coincidências entre Brasil e Estados Unidos quando o assunto é a brava: ambos os mandatários, Trump e Bolsonaro, trataram o tema com descaso, como se a preocupação das pessoas fosse mero detalhe.