Os últimos episódios, definitivamente, incluem Moro na relação dos mais perigosos Ministros da Justiça da história. A imprensa começa a aprender, da forma mais lenta possível, a imprudência que foi erigir um juiz provinciano, conhecido apenas pelas sentenças penais, em personagem da política nacional
Luis Nassif, Jornal GGN
As manifestações do próximo dia 15 dividiram a direita, entre bolsonaristas e moristas. Apesar da notória submissão de Sérgio Moro a Jair Bolsonaro, cada vez mais ele está sendo entronizado na liderança da ultradireita por setores insatisfeitos com as trapalhadas de Bolsonaro. Ou preocupados com as consequências da investigações em curso sobre a família Bolsonaro.
Costumo criticar os Bolsonaro em meus vídeos. Não desperta reações dos bolsominions. Um vídeo contra Moro provocou enorme alvoroço das colmeias, que atacaram se valendo do estilo habitual: muito erro de português, muito palavrão, muita ameaça.
Os últimos episódios, definitivamente, incluem Moro na relação dos mais perigosos Ministros da Justiça da história. Vários presidentes tiveram, ou no Ministério da Justiça ou na Casa Civil, grandes juristas, com papel relevante nas negociações políticas com empresas e com o Judiciário – e na repressão. Alfredo Buzaid, Gama e Silva, Vicente Rao, autor da Lei de Segurança Nacional de 1935, Francisco Campos, autor da Polaca, a Constituição do Estado Novo. No governo Lula, Márcio Thomas Bastos desempenhou papel da maior relevância, que ía muito além da segurança pública.
Poucos foram tão exemplarmente medíocres como Sérgio Moro. Mas, por conta de tempos igualmente medíocres, foi alçado à condição de liderança da ultradireita.
Os episódios do motim dos PMs do Ceará, em todo caso, rasgam definitivamente a fantasia. Moro comportou-se de maneira temerária, passando a mão na cabeça dos amotinados e enviando um comandante da Força Nacional que claramente estimulou a rebelião, dizendo que sua atitude os tinha tornado do tamanho do Brasil.
Qual o impacto sobre outras Polícias Militares? Qual o impacto sobre a disciplina nas Forças Armadas e nas próprias PMs.
A imprensa começa a aprender, da forma mais lenta possível, a imprudência que foi erigir um juiz provinciano, conhecido apenas pelas sentenças penais, em personagem da política nacional.
Vamos ver até quando as Organizações Globo continuarão alimentando essa fantasia.
Acompanhe Pragmatismo Político no Instagram, Twitter e no Facebook