Aos prantos, enfermeira de Manaus faz apelo dramático por abertura de novos leitos de UTI: "Estou aqui pedindo pelo amor de Deus. Por favor, nos ajudem, não para de morrer gente"
Uma mulher de Manaus (AM) decidiu gravar um vídeo que resume o drama que os profissionais de saúde da capital amazonense estão enfrentado. Aos prantos, a ela faz um apelo direcionado ao governador Wilson Miranda Lima (PSC) pela abertura de mais leitos.
“Estou aqui pedindo pelo amor de Deus, que alguém me ajude porque não sei mais o que fazer. A gente entra em contato com o [hospital] Delphina Aziz, não tem vaga […] nenhum lugar tem vaga. E se o paciente continuar aqui, ele vai morrer. Porque não tem estrutura para receber”, desabafa a profissional.
“Tá aqui, olha, carro de funerária não para de chegar. Não para de morrer gente. Por favor, governador, abra os hospitais para atender esse povo. Abre UTI para atender esse povo”, acrescenta a enfermeira.
VÍDEO
(continua após o vídeo)
O Governo do Amazonas afirmou que o sistema de saúde do estado já apresentava insuficiência da capacidade de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) antes da pandemia do novo coronavírus. A informação foi repassada durante coletiva de imprensa online, nesta quinta-feira (16).
“No Estado do Amazonas, nos últimos 10 anos, o número de leitos disponíveis no SUS já era um número insuficiente para a rede. Isso é importante a população saber. Com a pandemia, nós superlotamos as unidades hospitalares. Então, a insuficiência de leitos já era estabelecida. Já era fato”, disse a secretária de Saúde, Simone Papaiz.
De acordo com o último boletim oficial divulgado pela Secretaria de Saúde do Amazonas, há 1.719 casos confirmados do novo coronavírus no estado, mas centenas de testes ainda não foram divulgados por estarem em análise.
O boletim aponta que 688 pacientes estão internados com suspeita e confirmação do novo coronavírus. São 154 pessoas testadas positivo para a Covid-19 e outras 534 sob investigação.
Em apenas 24 horas, o Amazonas teve seu maior salto no número de óbitos desde o início dos registros. Em uma semana, os casos confirmados da doença no Estado aumentaram 192% e os registros de óbitos subiram 360%.
Estes dados colocam o Amazonas na fase de “aceleração descontrolada” do novo coronavírus, segundo definição do Ministério da Saúde. O Estado tem a maior taxa de incidência da doença para cada 100 mil habitantes.
Justiça empareda governo
A Justiça do Amazonas acatou uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Estado para que uma série de medidas seja tomada no combate ao avanço da disseminação do novo coronavírus.
Entre elas, o funcionamento integral do Hospital Delphina Aziz, a contratação de leitos existentes no Hospital Universitário Getúlio Vargas e do Hospital Beneficente Portuguesa e a retirada de pacientes que estão sem assistência adequada nos prontos-socorros do estado.
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Na decisão, o juiz Paulo Fernando de Britto Feitoza entendeu que, além de subnotificação de casos – pela ausência de testes para toda população da não inclusão dos clinicamente diagnosticados nas estatísticas – há ausência de ações para evitar a contaminação de outros pacientes nas unidades de saúde.
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