O retrato da crueldade humana: manifestantes pró Bolsonaro bloquearam o acesso a hospitais pedindo o fim da quarentena. Houve buzinaço e gritos de palavras de ordem. Um dos hospitais tem 100% dos leitos ocupados por pacientes de covid-19
Diversas carreatas em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foram realizadas no Brasil no último final de semana. Os manifestantes pediram o fim das medidas de isolamento social impostas por governadores e defendidas por autoridades de saúde para evitar a disseminação da Covid-19. Os atos também exigiram intervenção militar, o que contraria a Constituição.
Foram registrados atos em Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Maceió, Goiânia, Salvador, Manaus e Recife, além de cidades do interior do Rio e de São Paulo.
As medidas de isolamento social seguem orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e visam evitar aglomerações de pessoas para reduzir a velocidade da transmissão da covid-19 no país e garantir que a rede de saúde tenha condições de tratar os doentes.
Em São Paulo, no sábado (18), a carreata promovida por bolsonaristas fez um grande buzinaço e parou o trânsito em frente ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC), na capital paulista.
Vídeos (assista abaixo) publicados por apoiadores do presidente mostram pessoas descendo dos carros e fazendo muito barulho ao passar pelas quadras da Av. Rebouças que reúnem os prédios do HC. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas fica na mesma região.
Na última semana, o HC montou uma mega-operação para remanejar pacientes e esvaziar 900 leitos para atender exclusivamente a demanda em razão do surto do novo coronavírus. Já o Emílio Ribas, referência em imunologia no Brasil, está com 100% dos leitos ocupados com pacientes de Covid-19.
VÍDEO:
Outras cidades
Em Belo Horizonte, cerca de 120 pessoas, segundo a Polícia Militar, se reuniram em frente ao quartel da 4ª Região Militar no bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte. O grupo pedia intervenção militar. Vestidos com camisas verdes e amarelas, os manifestantes levaram faixas contra o supremo Tribunal Federal e pediam “socorro” ao Exército. O ato começou no início da tarde e terminou com uma carreata. Moradores de prédios que acompanhavam o protesto fizeram panelaço contra os manifestantes.
Em Fortaleza, quatro pessoas foram presas por contrariar o decreto de quarentena e participar de uma carreata que pedia o fim do isolamento social e intervenção militar. O decreto foi assinado pelo governador do Ceará, Camilo Santana, em 19 de março, como forma de tentar conter o avanço da pandemia de coronavírus no estado. O documento determina o fechamento do comércio não essencial e a coibição de aglomerações.
Em Maceió, dezenas de pessoas vestindo camisetas nas cores verde e amarela e com a imagem do presidente Jair Bolsonaro se concentraram em frente em frente ao Quartel do Exército, na Avenida Fernandes Lima. Com faixas e carro de som, os manifestantes pediam um novo AI-5 e o fim do isolamento social como medida contra o novo coronavírus.
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