Balanço do Ministério da Saúde sobre o coronavírus mostra recorde de novos casos em 24 horas e elevado número de óbitos. Presidente da Argentina se diz preocupado com cenário no Brasil: “Não acho que o governo brasileiro esteja encarando o problema com a seriedade que o caso requer”
O Ministério da Saúde divulgou nesta segunda-feira (27) o mais recente balanço dos casos de coronavírus no Brasil. Foram 4.603 novos casos confirmados em apenas 24 horas — um recorde para o período.
O número de óbitos em 24 horas também se manteve elevado: são 338 mortes a mais registradas em um dia. No total, o país tem 66.501 casos confirmados e 4.543 mortes — além disso, há outros 1.322 óbitos sem diagnóstico conclusivo que seguem em investigação.
Nos últimos sete dias, o coronavírus matou 1.803 pessoas no Brasil. A taxa de letalidade — que compara os casos totais pelos números de óbitos confirmados — é de 6,8%, segundo o governo.
As mortes em decorrência do coronavírus confirmadas em cada estado são: Acre (14); Alagoas (34), Amapá (26); Amazonas (320); Bahia (76); Ceará (390); Distrito Federal (27); Espírito Santo (57); Goiás (26); Maranhão (125); Mato Grosso (10); Mato Grosso do Sul (9); Minas Gerais (62); Pará (114); Paraná (75); Paraíba (50); Pernambuco (450); Piauí (20); Rio Grande do Norte (45); Rio Grande do Sul (42); Rio de Janeiro (677); Rondônia (10); Roraima (4); Santa Catarina (43); São Paulo (1.825); Sergipe (10); Tocantins (2).
Preocupação com o Brasil
Depois de anunciar a extensão do isolamento de forma estrita nos grandes centros urbanos, o presidente argentino, Alberto Fernández, revelou estar “muito preocupado com a situação do coronavírus no Brasil” porque considera que “o governo brasileiro não está encarando o problema com seriedade”.
A nova fase da quarentena total, iniciada em 20 de março e renovada pela terceira vez a partir de segunda-feira (27), inclui uma leve flexibilização a toda a população: poderão sair de casa, por apenas uma hora, para atividades recreativas ao redor do seu domicílio.
“Vamos autorizar que qualquer pessoa possa sair em torno de 500 metros da sua casa para fins recreativos, mas não esportivos. Vão poder andar e tomar ar por uma hora diariamente, mas não correr nem andar de bicicleta”, esclareceu Alberto Fernández.
“Agora começa uma nova fase. Deixamos nas mãos dos governadores o controle de quais atividades poderão abrir. Vamos permitir que metade da população se mobilize”, anunciou Fernández.
O presidente, no entanto, ressaltou cinco requisitos que deverão ser cumpridos pelos governadores que flexibilizarem as atividades: o tempo de duplicação do número de casos não poderá ser inferior a 15 dias, o sistema de saúde tem de ser capaz de atender a demanda, deverá ser avaliada a densidade demográfica e a vulnerabilidade social da área, deve haver garantia de que apenas metade da população possa sair de casa a cada dia e as zonas flexibilizadas devem ser livres de transmissão comunitária.
Após o anúncio, Alberto Fernández disse que “está muito preocupado com a situação do Brasil” porque “pode cruzar a fronteira argentina” e porque “o governo brasileiro não está encarando o problema com seriedade”.
“Preocupa-me muito a situação do Brasil. Tive uma conversa com todos os governadores por videoconferência. O governador de Misiones (fronteira com Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) expôs com toda clareza a sua preocupação porque as províncias de Misiones e Corrientes (fronteira com o Rio Grande do Sul) são caminho de entrada de muitos caminhões de carga que vêm de São Paulo, onde o foco de infecção é altíssimo”, admitiu o presidente argentino.
“Não acho que o governo brasileiro esteja encarando o problema com a seriedade que o caso requer. Digo isso sinceramente”, lamentou. “Eu gosto muito do povo do Brasil, mas isso me preocupa muito porque pode vir para a Argentina”, advertiu.
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