Coronavírus: Brasil tem mais de 400 mortes pelo 2º dia seguido
Brasil tem mais de 400 mortes por coronavírus pelo 2º dia seguido. No total, são 78.162 casos oficiais no país, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde anunciou hoje que subiu para 5.466 o número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil — 449 óbitos confirmados nas últimas 24 horas. Ontem o Brasil havia registrado 474 mortes.
No total, são 78.162 casos oficiais no país, segundo os dados mais recentes do Ministério, com 6.276 novos diagnósticos de ontem para hoje (um recorde). Segundo a pasta, ao menos 38.564 pacientes estão em acompanhamento e 1.452 óbitos seguem em investigação.
Apenas em São Paulo foram quase 200 mortes em um intervalo de 24 horas. De ontem para hoje, o número de infectados que morreram de covid-19 foi de 198. O total de óbitos já é de 2.247.
De acordo com dados divulgados hoje pelo governo paulista, são 26.158 pessoas infectadas, sendo que 9.520 dos casos estão fora da capital. Segundo o levantamento, são 8.6 mil pessoas estão internadas no estado. Entre estas, 3.445 estão em UTI.
O estado também registrou um aumento no número de infectados em UTIs. De ontem para hoje, o número foi de 81% para 85,1% na Grande São Paulo.
Em entrevista coletiva concedida hoje, o governador João Doria (PSDB), disse que o estado começa a entrar na fase mais dura da pandemia.
“Estamos iniciando a fase mais dura e mais difícil da infecção e no número de mortos. Não só em São Paulo, no Brasil. Esse alerta foi feito várias vezes aqui, o que mostra que não estamos enfrentando gripezinha ou resfriadinho. Estamos enfrentando um vírus que mata, que não tem remédio e vacinas. Só tem uma solução, que é ficar em casa”, disse.
Citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Doria respondeu com duras criticas ao presidente. Ele disse que é preciso respeitar as famílias que perderam pessoas para o novo coronavírus e rebateu a declaração de Bolsonaro que, quando perguntado sobre as mortes por covid-19, respondeu “e daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”.
“Posso enumerar algumas atitudes que você poderia ter tomado e não adotou. Essa é a resposta, fazendo o que você não fez. Começando respeitando os brasileiros, respeitando pais, mães, avós que perderam pessoas para o coronavírus, que você classificou como resfriadinho, que não era importante”, disse Doria.
“Que respeite o luto de mais de 5 mil famílias que perderam seus entes queridos e que hoje estão sepultados. Respeite os médicos, os enfermeiros, os profissionais de saúde, que ao contrário do senhor que vai treinar tiro, eles estão trabalhando para salvar vidas, proteger pessoas. Pare com essa política da perversidade, de atrapalhar quem está salvando vidas. Pare de fazer política em meio a um país que chora mortes. Você disse que o Brasil estava vivendo uma gripezinha. E agora, presidente? Diante de mais de 5 mil mortos, você continua afirmando que o país está vivendo pandemia de um resfriadinho?”.
“Falta de respeito”
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista para a Rádio Tupi, que Jair Bolsonaro demonstra falta de respeito e solidariedade com vítimas e familiares do novo coronavírus e já cometeu “muitos crimes e ilegalidades” no mandato.
Lula citou a declaração de ontem do presidente e fez críticas ao ministro da Saúde, Nelson Teich, por sua postura na crise que o ex-presidente classifica como “sanitária, econômica, financeira e institucional”.
“Ontem, quando ele diz ‘me chamo Messias, mas não faço milagre, e daí que morreu não sei quantas pessoas?’ essa falta de respeito e solidariedade às vítimas de coronavírus e familiares é que mostra que efetivamente o Brasil precisa pensar como vai sair dessa encalacrada que nos metemos no país”, disse.
“Por isso acho que nós não temos outro jeito se não tentar discutir a própria mudança do governo porque o que eles têm feito na economia, na área da saúde? Vi o pronunciamento do ministro da saúde e a impressão é que ele não entende nada de saúde. É um empresário da área, trata de fundo de investimento da saúde”, completou.
A declaração de Lula em relação a Bolsonaro se refere à seguinte frase do presidente ao ser questionado ontem sobre o número de mortes nas últimas 24 horas em decorrência da covid-19. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, disse.