Redação Pragmatismo
Saúde 08/Abr/2020 às 23:07 COMENTÁRIOS
Saúde

Coronavírus já matou mais no Brasil do que previu Jair Bolsonaro

Publicado em 08 Abr, 2020 às 23h07

Em entrevista no dia 22 de março, Jair Bolsonaro fez uma estimativa sobre o número de pessoas que morreriam vítimas de coronavírus no Brasil. Esse número já foi superado nesta quarta-feira, 8 de abril, com todas as autoridades sanitárias garantindo que ainda estamos longe do pico

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Funcionários de funerária carregam caixão com vítima de coronavírus no MS (Imagem: Adilson Domingos/Captura de tela/Campo Grande News)

Nesta quarta-feira (8), o número de mortos pelo novo coronavírus (Covid-19) no Brasil superou a marca que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) previu para toda a pandemia.

De acordo com o mais recente boletim oficial do Ministério da Saúde divulgado às 17h, o país tem 800 mortes registradas decorrentes da doença. Em números ainda mais atualizados, as secretarias estaduais de Saúde divulgaram, até as 21h45, 16.195 casos e 822 mortes.

No dia 22 de março, em uma entrevista à TV Record, Jair Bolsonaro tentou minimizar o avanço do coronavírus no Brasil. Na ocasião, o presidente cravou que haveria menos óbitos com o novo vírus do que os causados pelo H1N1 todo o ano de 2019 — foram 796 mortes.

Na entrevista à Record, Bolsonaro se mostrou preocupado com a economia e fez críticas a governadores que adotaram medidas de isolamento social para conter a pandemia.

“Com o desemprego aí, acontecendo, a catástrofe será maior, mais ainda. O número de pessoas que morreram de H1N1 no ano passado foi na ordem de 800. A previsão é não chegar a essa quantidade de óbitos no tocante ao coronavírus. Tem certos números que temos que levar em conta. Essas crises, esses vírus, acontecem no mundo todo, o tempo todo. Então, calma, tranquilidade, não levar pânico à população”, minimizou o presidente.

Dois dias depois, em pronunciamento na TV que chocou o país, o presidente afirmou que, caso fosse infectado pelo coronavírus, “nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho”. Era a segunda vez que alegava que a covid-19 só causaria uma “gripezinha”.

Osmar Terra

No dia 18 de março, no twitter, o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra, que agora se tornou uma espécie de consultor de Bolsonaro para a epidemia, fazia exatamente a mesma previsão repetida pelo presidente na entrevista.

“A gripe suína, H1N1, matou 2 pessoas a cada dia no Brasil em 2019. Este número, deve ser maior que as mortes que acontecerão pelo coronavírus. E não se parou o país nem se destruiu a economia, como está acontecendo agora. É o fato e versão do fato.”

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A gripe H1N1 matou 796 pessoas no Brasil no ano passado. No mundo, em poucos meses, a pandemia do coronavírus já soma quatro vezes mais mortos do que toda a epidemia de H1N1, segundo a OMS.

Longe do pico

Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o surto de coronavírus no Brasil ainda não atingiu sequer sua fase de aceleração, nem tampouco seu pico de contaminação.

A fase de aceleração da epidemia está prevista para a semana entre 4 e 10 de maio, segundo a pasta. Já o pico da doença é estimado para a primeira semana de junho. A partir daí, teoricamente, haveria uma desaceleração na doença.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse nesta quarta-feira (8) que a epidemia está crescendo abaixo do ritmo de 20%, o que seria um reflexo do distanciamento social nas duas últimas semanas. Mas se mostrou preocupado com o relaxamento de medidas em algumas cidades, como o Rio.

“Com as duas últimas semanas, onde nós diminuímos muito a mobilidade social, esse número vinha em 25% de crescimento, caímos e chegamos a 16%. Vejo que estamos largando mão nos grandes centros. Rio de Janeiro decidiu andar. Se esse número andar, vai apontar ali para acima. Não tem sistema de saúde que aguente”, afirmou o ministro.

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