Em Belém (PA), policial com coronavírus morre nos braços do marido, dentro do carro, na porta do hospital. A vítima chegou a ir a diversas unidades de emergência, mas não conseguiu atendimento
A policial civil Raquel Monteiro de Albuquerque, de 48 anos, morreu na noite do último sábado (18) em Belém (PA) vítima de coronavírus. “Ela faleceu nos braços do marido, dentro do carro, na porta do Hospital Dom Zico”, lamentou Daniel Costa Moura, primo da escrivã.
O vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Pará, Pablo Farah, disse que Raquel, antes de ir ao Hospital Dom Zico, foi a unidades de emergência em hospitais particulares, com sintomas como febre alta e falta de ar, mas não conseguiu atendimento.
“O marido procurou atendimento em dois hospitais de emergência, mas como estão todos superlotados, acabou indo parar nesse, que é de retaguarda. Talvez tenha sido na hora do desespero”, lamentou o policial.
Farah lembra que, mesmo Belém sendo o epicentro dos casos da covid-19 no estado, Raquel não poderia ter tido seu atendimento de urgência negado. “Urgência é para atender. Com certeza isso tudo vai ser apurado e a família vai buscar responsabilizar esses locais”, comentou.
Ele conta que a família agora vive mais um drama. Uma irmã de Raquel está com suspeita da doença. “Agora à noite viemos dar apoio para conseguir atendimento, pois uma das irmãs dela está com febre alta, dor e falta de ar. Muito triste essa situação”, revelou Farah.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que uma pessoa que se identificou como marido de Raquel procurou o Hospital Dom Vicente Zico solicitando atendimento, mas foi orientado por um servidor a procurar um dos serviços de porta aberta do município, já que o hospital só recebe paciente através do sistema de regulação. O homem então voltou ao veículo.
Ainda segundo a nota, um servidor do hospital chegou a acionar os médicos e a direção, mas quando a equipe chegou ao carro Raquel já estava sem vida.
A Secretaria Municipal de Saúde lamentou o ocorrido e reforçou que a população não procure diretamente o Hospital Dom Zico, pois lá só entram pacientes que tenham passado por avaliação em algum serviço de saúde municipal e que possuem encaminhamento para internação.
A Polícia Civil também divulgou nota lamentando a perda da servidora, que atuava há 20 anos na corporação.
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