Saúde

Morto pelo coronavírus, professor da UERN ajudava alunos com dinheiro do próprio bolso

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Um homem inteligente, "cientista nato" e, acima de tudo, bondoso. Professor da UERN vítima de coronavírus ajudava secretamente estudantes pobres com dinheiro do próprio bolso. "Ele inventava uma bolsa que o aluno receberia, mas que, na verdade, era paga por ele", conta colega

O professor Luiz Di Souza

O professor universitário Luiz Di Souza, de 61 anos, foi a primeira pessoa a morrer de coronavírus no Rio Grande do Norte. O docente da UERN teve febre e tosse e procurou o hospital no dia 18 de março. Ele foi medicado e voltou para casa.

Sem melhora, Luiz voltou ao hospital no dia 21 e pediu para fazer o teste de coronavírus. “O médico pediu uma tomografia do pulmão e quando saiu o resultado ele internou o Luiz direto na UTI”, conta a esposa, Margareth Souza.

“No domingo ele foi para o quarto. Ele estava se recuperando, cada dia era uma melhora maior. Aí no sábado a noite ele foi colocar um shorts e isso deu um cansaço muito grande, uma falta de ar. Os médicos levaram ele pra UTI, e lá ele teve uma parada cardiorrespiratória e não voltou”, conta Margareth.

A família só foi informada do resultado positivo do teste de coronavírus após o óbito. “O resultado saiu no dia 27, mas a gente só foi comunicado depois da morte dele”, explica a esposa.

Luiz Di Souza era lotado no Departamento de Química da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). As aulas na instituição estão suspensas desde o dia 15 de março, justamente para conter o avanço da doença no estado. A Universidade emitiu nota onde lamenta a morte do professor.

“Financiava” alunos pobres

Segundo relatos de alunos, Luiz Di Souza estava sempre à disposição em seu laboratório para ajudar na disciplina dele ou de outros. “No decorrer do curso, foi se tornando um pai para todos nós”, afirma a ex-estudante Ronale Azevedo, 30.

A colega Kelania Mesquita, também do departamento de química da UERN, conta que, para ajudar os alunos pobres do curso, Souza inventava uma bolsa que o aluno receberia, mas que, na verdade, era paga por ele, muitas vezes, secretamente. “Era um profissional competente e exigente, ao mesmo tempo que era acolhedor”, diz.

A filha Maria Paula, de 19 anos, diz que o pai, que amava viajar, não tinha feito nenhuma viagem recentemente e que a suspeita é de que tenha sido contaminado no contato com outra professora da universidade, que deixou a UTI na segunda (30) e segue em isolamento.

Além da esposa Margareth e da filha Maria Paula, o professor deixa um outro filho, Kassyo, e uma neta. Luiz Di Souza era diabético e, portanto, integrava o grupo de risco.

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