Servidor público bolsonarista oferece dinheiro a quem agredir repórter da TV Globo na rua. Ele será processado
Sylvio Costa, Congresso em Foco
Exercer o ofício de jornalista ficou um pouco mais perigoso nestes tempos em que a avenida Brasil cruzou com outras vias, digitalizadas e ferozes.
Agora, um servidor público do governo do Distrito Federal (GDF) se sentiu no direito de desafiar a lei para constranger repórteres da TV Globo.
Vejam o que ele publicou no Facebook:
(continua após a imagem)
O autor da promessa de recompensa é Marcos Aurélio Neves do Rego Sales, que é “agente socioeducativo” da Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal. O seu salário líquido é de R$ 6.178,73, segundo o Portal de Transparência do GDF:
No Facebook, Marcos Sales ostenta tanto a condição de funcionário da Secretaria de Justiça e Cidadania quanto uma foto em que divulga o “Aliança pelo Brasil”, o partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar.
Marcos Sales responderá a processo administrativo, que vai apurar se ele descumpriu o Estatuto do Servidor Público do Distrito Federal (Lei Complementar 840/2011).
O estatuto diz que poderá incorrer em “responsabilidade civil”, ficando assim sujeito aos eventuais danos materiais decorrentes do seu ato, quem praticar ato que “resulte em prejuízo ao erário ou a terceiro”.
Também considera infração “exercer atividade privada incompatível com o exercício do cargo público ou da função de confiança”, “ofender fisicamente a outrem” e “praticar ato de assédio sexual ou moral”.
Ainda conforme o estatuto, a definição da sanção disciplinar deverá levar em conta a “gravidade da infração disciplinar cometida”, “o ânimo e a intenção do servidor” e “as circunstâncias atenuantes e agravantes”. As sanções vão desde a advertência até a demissão ou destituição do cargo em comissão.
Redes de TV são obrigadas a enviar seus profissionais às ruas para gravar externas. O crime da Globo é o mesmo que leva hoje bolsonaristas radicais a difamarem quase todos os veículos e jornalistas profissionais do país: não rezar na cartilha do presidente que namora a volta do AI-5 e considera a doença causada pelo coronavírus “uma gripezinha”.
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