Brasil ultrapassa a marca dos 1.000 mortos por coronavírus e se aproxima de 20 mil casos oficiais. Número de internações em UTI é o maior já registrado. Em SP, dados revelam desigualdade na distribuição de leitos, com privilégios para regiões mais ricas
Cerca de um mês e meio após ser registrado o primeiro caso, o Brasil superou nesta sexta-feira (10) a marca de mil mortos pelo novo coronavírus.
Segundo o balanço oficial divulgado pelo Ministério da Saúde na tarde de hoje, a doença matou 1.057 pessoas no Brasil. No total, são 19.638 casos oficiais. Nas últimas 24 horas, foram registrados 1.781 novos diagnósticos e 116 mortes. A taxa de letalidade é de 5,4%.
O número real de casos, no entanto, é muito maior. Isso porque os testes são realizados prioritariamente nos pacientes internados em hospitais. Dados de cartórios de registro civil também revelaram que muitos mortos por covid-19 não estão sendo contabilizados pelo Ministério da Saúde.
As mortes relacionadas ao vírus em cada estado são: Acre (2); Alagoas (4), Amapá (2); Amazonas (50); Bahia (19); Ceará (58); Distrito Federal (14); Espírito Santo (7); Goiás (8); Maranhão (16); Mato Grosso (2); Mato Grosso do Sul (2); Minas Gerais (17); Pará (9); Paraná (25); Paraíba (11); Pernambuco (65); Piauí (7); Rio Grande do Norte (11); Rio Grande do Sul (14); Rio de Janeiro (147); Rondônia (2); Roraima (3); Santa Catarina (18); São Paulo (540); Sergipe (4).
Evolução dos casos
O primeiro caso de coronavírus no Brasil notificado no dia 26 de fevereiro, um paciente de São Paulo que esteve na Itália, um dos países europeus mais afetados pelo surto da doença.
Apenas em 17 de março o Brasil registraria a primeira morte provocada pela covid-19, doença causada pelo vírus. Era um porteiro de 62 anos, que morreu em São Paulo.
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Aumento dos casos graves
Ainda segundo o Ministério da Saúde, o número de pacientes internados em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) aumentou bastante nos últimos dias.
Em São Paulo, metade dos pacientes internados com coronavírus em hospitais do estado que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) estão em UTI. São 824 pessoas com sintomas graves da doença que ocupavam leitos da rede hospitalar pública e conveniada. Ao todo, 1.648 pacientes estão internados pelo SUS no estado com Covid-19.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o estado de São Paulo possui 57 mil leitos gerais e 3.500 de UTI. Do total de leitos de Unidade de Terapia Intensiva, 23% estão sendo usados por pacientes com coronavírus.
Na capital, quase 40% do total dos leitos de UTI nos hospitais municipais estão ocupados por pacientes com coronavírus, segundo informou nesta sexta a Secretaria Municipal da Saúde. Dos 507 leitos de Unidade de Terapia Intensiva, 190 estão com doentes com o vírus.
Desigualdade
Levantamento da Rede Nossa São Paulo mostra que a distribuição dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) do SUS na capital paulista privilegia as regiões mais ricas e próximas ao centro da cidade.
Os dados expõem, por exemplo, que a área da subprefeitura de Pinheiros, região de classe média-alta na zona Oeste, onde moram 294 mil pessoas, dispõe de 365 leitos de UTI do SUS. Com a mesma população, a subprefeitura de Vila Maria, na zona Norte, possui dez.
De acordo com o levantamento, três subprefeituras do município, Sé, Pinheiros e Vila Mariana, localizadas nas regiões mais ricas e centrais da cidade, concentram 9,3% da população do município e mais de 60% dos leitos de UTI do SUS. Enquanto isso, 20% da população (2,3 milhões de pessoas) vivem em sete subprefeituras (Parelheiros, Cidade Ademar, Campo Limpo, Aricanduva, Lapa, Perus, Jaçanã) – localizadas na periferia do município – onde não há um leito sequer.
“Este mapeamento revela, mais uma vez, a desigualdade estruturante na cidade mais rica do país. Nesse momento de crise, se por um lado São Paulo tem sido referência em medidas emergenciais, por outro os números atestam que estamos longe de atingir a equidade social. A desigualdade territorial segue acentuando as diferenças e tornando as populações ainda mais vulneráveis”, destacou a Rede Nossa São Paulo, em nota.
O levantamento foi feito a partir de dados de fevereiro de 2020 do sistema do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS).
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