Luis Gustavo Reis*, Pragmatismo Político
Hoje é 13 de maio de 2020, cento e trinta e dois anos após o fim da escravidão. O que mudou durante esse tempo?
Agora, entendemos que é natural trabalhar 18 horas por dia para pagar as prestações de nossa elevação social. Também parece natural que abandonemos os filhos aos presentes materiais negando a eles afeto.
Nos indignamos com o sofrimento dos escravizados, mas não nos sensibilizamos com os altos índices de suicídio, as patologias psíquicas, a guerra civil que anula milhões de sonhos todos os dias.
Gostamos de olhar para o passado e denunciar a indignidade de seus mecanismos. A opressão, a condenação de um povo ao infortúnio perpétuo. Mas hoje, pouco importa que seres humanos se exponham a riscos para trazer mercadorias que enganosamente preencherão certos vazios existenciais.
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Este país iniciou sua estrada de horrores com o genocídio dos índios, passou pelo massacre e a exploração escravocrata, ascendeu ao republicanismo com a segregação territorial e econômica e atualmente atingiu níveis de extermínio étnico inéditos.
Nada disso nos comove, estamos sempre muito ocupados. Numa sociedade cuja ordem é a desigualdade, a hierarquia dos privilégios é infinita.
A foto deste texto representa a alegria de um negro após a Lei Áurea.
13 de maio de 2020: abolição pra quem?
*Luis Gustavo Reis é professor e editor de livros didáticos
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