Mulher morta por ex-marido PM disse que estava feliz em novo relacionamento
Jovem de 28 anos executada pelo ex-marido PM já havia registrado boletim de ocorrência por violência doméstica contra ele. Em mensagens enviadas a amigos pouco antes de morrer, a vítima confessou que estava apaixonada. Ela deixa dois filhos
Débora Raquel Silva, de 28 anos, é mais uma vítima de feminicídio no Brasil. A jovem foi executada a tiros no Guarujá (SP) pelo ex-marido, o policial militar Edgar de Oliveira Fonseca, de 33 anos. O homem não aceitava o fim do casamento.
A mulher já havia registrado boletim de ocorrência por violência doméstica contra o policial. Uma amiga revelou que Débora era constantemente ameaçada pelo homem.
Pouco antes de morrer, Débora trocou mensagens via WhatsApp com amigos afirmando que estava feliz em um novo relacionamento. O ex-marido também efetuou disparos contra o atual namorado da vítima. Edgar está preso.
O crime aconteceu às 23h30 de segunda-feira (11), quando as vítimas chegavam em frente à casa do atual namorado de Débora. O PM apareceu de moto e, sem falar nada, efetuou disparos que atingiram a jovem e seu namorado. Ela não resistiu e morreu no local.
O rapaz foi resgatado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi encaminhado para o pronto socorro. O Hospital Santo Amaro informou que o rapaz foi atingido de raspão e apresenta quadro de saúde estável.
Débora teve com o policial militar dois filhos, um menino de 7 anos e uma menina de 6. Segundo a PM, após o crime, as equipes policiais seguiram para a casa do autor dos disparos e ex-companheiro da vítima. O homem foi encaminhado à delegacia e negou envolvimento com o crime, entretanto, ele foi reconhecido pelo namorado da sua ex-companheira.
“Ele [Edgar] não a deixava viver a vida dela. Antes, ela estava conversando com um rapaz e ele foi pedir para o rapaz se afastar dela. Há pouco tempo, ela começou a sair com esse atual namorado, estava feliz por estarem se dando bem, e aconteceu essa tragédia”, contou uma amiga que conhece Débora desde a época da escola.
De acordo com a amiga, Débora contava que o policial militar a ameaçava por não aceitar o término da relação. Inclusive, a vítima já havia registrado ocorrência por violência doméstica praticada pelo ex-companheiro.
“Eles foram casados e tiverem os dois filhos. Ficaram juntos por 10 anos, porém, ela vivia sofrendo ameaças dele. Ela voltou para a casa dos pais e ele invadia a residência, ameaçava bater nela e já até prendeu ela dentro de casa. Várias vezes a polícia era acionada e ia até lá. Ela até fez um boletim contra ele, mas não sei se deu continuidade por causa das ameaças”, contou.
“Quando assistimos esse tipo de notícia na televisão, a gente se revolta, é claro. Mas, quando é com pessoas próximas a você, é diferente, é um ‘mix’ de sentimentos e revolta que não dá para explicar. É difícil de acreditar que essa menina tão dócil, simpática, dona de um sorriso encantador foi morta de uma forma tão cruel e absurda. Mais quantas Déboras irão perder suas vidas para o feminicídio?”.