Mulher não recebe auxílio por constar como ‘presidente’ em sistema do governo
Mulher desempregada descobre que ocupa o cargo de ‘Presidente da República’ ao tentar receber auxílio emergencial de R$ 600. “É uma situação cômica, mas, se for olhar, é triste. Eu estou precisando muito”, desabafa a jovem, que é mãe de dois filhos
Uma mulher desempregada teve o auxílio emergencial de R$ 600 rejeitado após descobrir que ocupa o cargo de ‘Presidente da República’. A informação consta no sistema do governo federal.
Moradora de uma casa simples em Jabaeté, na periferia de Vila Velha, no Espírito Santo, a estudante Adeyula Barbosa, de 31 anos, ainda não obteve resposta dos órgãos competentes.
O último emprego formal de Adeyula foi como cuidadora em uma escola da rede estadual do Espírito Santo. O contrato foi encerrado em agosto do ano passado.
Com dois filhos, de 11 e sete anos, ela recorreu ao auxílio para conseguir arcar com as despesas de casa e com as mensalidades do curso de Gestão em Recursos Humanos.
O marido está empregado, mas teve o salário reduzido e benefícios cortados, por causa da crise causada pelo coronavírus.
“Eu consultei o auxílio emergencial, fiz o cadastro no dia 7 de abril. Cerca de 20 dias depois, veio a negativa. Estava lá algo como ‘cidadão com emprego formal’, como se eu estivesse trabalhando”, explicou.
Sem entender o que tinha acontecido, a estudante buscou respostas através da internet e acabou descobrindo a confusão com os cargos.
“Eu comecei a pesquisar o que significavam aquelas siglas. Consegui consultar a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), depois resolvi baixar a Carteira de Trabalho Digital, para saber se estava com o mesmo problema. Lá, estava a ocupação de ‘presidente da República’. Fiquei espantada. Como? Uma cuidadora escolar que não tem nada a ver com o presidente da República. Não tinha lógica aquilo. Não imaginava um erro desse”, disse.
O sentimento de espanto se espalhou pelos familiares de Adeyula. “Vai dormir a minha filha, simples assim, e, do nada, acorda presidente do Brasil. É um tanto curioso”, disse a mãe, a aposentada Roseni Dias.
“É uma situação cômica, mas, se for olhar, é triste. Eu estou precisando do auxílio emergencial e, por causa de erro, de falta de atenção na hora de lançar o cadastro, gerou todo esse problema para a minha vida. A gente ri, mas a nossa realidade é outra, dá vontade de chorar diante disso”, disse Adeyula.
Questionado, o superintendente de Trabalho e Emprego no Espírito Santo, Alcimar Candeias, disse que o erro é do contratante. Houve um erro quando a secretaria não informou a demissão da funcionária e outro ao inserir, equivocadamente, o código do cargo de presidente da República na ocupação da trabalhadora.