Nelson Teich deixa o Ministério da Saúde menos de um mês após substituir Mandetta. "Não há um profissional de saúde com o mínimo de consciência que consiga trabalhar com Bolsonaro e aceite os devaneios do presidente", afirma interlocutor da pasta
O ministro Nelson Teich pediu demissão do cargo de ministro da Saúde. A informação foi confirmada por meio de nota pela assessoria do Ministério.
“O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração nesta manhã. Uma coletiva de imprensa será marcada nesta tarde”, diz o comunicado.
Em condição de anonimato, um técnico do Ministério da Saúde afirmou ao Pragmatismo Político que os funcionários da pasta rechaçam os ‘devaneios’ do presidente. “Não há um profissional de saúde sério ou com o mínimo de consciência que consiga trabalhar com Bolsonaro e aceite os seus devaneios”.
Mais cedo, pela manhã, Nelson Teich declarou em entrevista ao jornal Correio Braziliense que estava “difícil conciliar os desejos de Bolsonaro com a realidade”.
Teich tomou posse em 17 de abril, depois de saída conturbada de Luiz Henrique Mandetta. O médico oncologista vinha tendo divergências com o presidente Jair Bolsonaro em função do uso da cloroquina no tratamento da covid-19. Entre os cotados para substituir Teich, está o secretário-executivo, número dois do ministério, general Eduardo Pazuello.
Outro sinal do desgaste na relação entre o ministro e Planalto foi o fato de Bolsonaro ter permitido a abertura de salões de cabeleireiro, academias de ginástica e barbearias sem consultar o ministro.
Ministros caem
O Brasil é o único país do mundo a ter duas demissões de ministro da Saúde durante a pandemia do novo coronavírus. A falta de seriedade com que o presidente Jair Bolsonaro enfrenta o problema tem arrastado o país para o caos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já aponta o Brasil como o novo epicentro mundial da pandemia. Nesta quinta-feira (14), o país registrou mais de 13 mil novos casos (atrás apenas dos EUA) e está em linha ascendente de óbitos e diagnósticos.