As mensagens da esposa de Queiroz que levaram juiz a pedir prisão do ex-PM
Em uma das mensagens, Márcia de Oliveira chega a comparar marido com "bandido que tá preso dando ordens aqui fora, resolvendo tudo". Polícia explicou quem é quem no esquema criminoso
Avaliando a possibilidade de dificuldades na investigação, a 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou a prisão de Fabrício Queiroz e da esposa, Márcia de Oliveira Aguiar, na manhã desta quinta-feira (18).
De acordo com o jornal O Globo, o juiz Flávio Itabaiana Nicolau citou mensagens de Márcia previamente compiladas em ação de busca e apreensão pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) nas quais afirmava que, mesmo escondido, Queiroz seguia dando ordens para constranger testemunhas do processo. Em uma delas, Márcia chegou a comparar o marido com bandido “que tá preso dando ordens aqui fora, resolvendo tudo”.
O juiz afirma que a decisão pela prisão foi dada para proteger as investigações e garantir a ordem pública, pois, se continuasse solto, o casal poderia seguir ameaçando testemunhas e investigados — é o caso de Danielle Nóbrega, ex-mulher do capitão do Bope, Adriano Nóbrega, que foi assessora do senador Flávio Bolsonaro por 10 anos e demitida do gabinete em novembro de 2018 a pedido de Queiroz.
O fato de o casal estar sem paradeiro e sem informações sobre Queiroz há muito tempo, até a prisão desta quinta em um sítio que consta como escritório do advogado Frederick Wassef, que defende Flávio na investigação, também são motivos da prisão.
Quem é quem no esquema criminoso
Fabrício Queiroz é considerado o operador de caixa do esquema de “rachadinha” que recolhia parte dos salários dos assessores de Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro. A organização, além de recolher dinheiro dos servidores, também é investigada pela contratação de assessores fantasma.
As investigações envolvem um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Flávio Bolsonaro: seria o chefe da organização criminosa que recolhia parte do salário dos assessores. Também recai sobre ele acusações de improbidade administrativa por conta da contratação de assessores fantasmas.
Fabrício Queiroz: seria o caixa do esquema. Realizava depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas ao pagamento dos servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Márcia de Oliveira Aguiar: a esposa de Queiroz estava como membro do gabinete de Flávio na Alerj. Em 2019, no entanto, foi descoberto que ela nunca teve um crachá da Alerj. Conforme o colunista Lauro Jardim, Queiroz sempre deixou claro que assumiria quaisquer acusações desde que Márcia e sua filha Nathália (ex-funcionária do gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara) não fossem envolvidas nos processos da rachadinha.
Nathália Queiroz: filha de Queiroz, a personal trainer foi assessora de Flávio Bolsonaro de 2007 até 2017. Depois, foi para o gabinete de Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, onde permaneceu até outubro de 2018. Ela também é citada no esquema de rachadinha. Documentos mostram que ela repassou ao pai cerca de 80% do seu salário.
Evelyn Queiroz: outra filha do ex-assessor também foi assessora de Flávio e é investigada por participar do esquema.
Anna Cristina Valle: o Ministério Público informou que pessoas ligadas à ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro sacaram, entre 2007 e 2018 quase que a integralidade dos seus salários da Assembleia Legislativa para repassar os valores a outras pessoas que participavam do esquema. A maior parte desse grupo morava em Resende (RJ) no período em que estiveram lotados no gabinete de Flávio.