"Eu previ o futuro". Frederick Wassef, que mantinha Queiroz escondido em sua casa, é muito mais do que advogado da família Bolsonaro. Ele mesmo explicou como foi o responsável por transformar o ex-deputado federal do baixo clero em presidente da República
por Thaís Oyama, do UOL
Frederick Wassef é mais que advogado dos Bolsonaro. O homem que mantinha o desaparecido Fabrício Queiroz escondido em sua casa diz ser o responsável pela transformação do ex-deputado federal do baixo clero em presidente da República.
“Eu não só fui o primeiro a acreditar no Bolsonaro, como fui o primeiro a colocar na cabeça dele a ideia de concorrer à Presidência”, diz.
O advogado conta que, em 2014, quando estava internado para tratamento de câncer em São Paulo, deparou-se com um discurso do então deputado Bolsonaro sobre a necessidade de uma lei para impor o controle de natalidade no Brasil.
A partir daí, diz ter se “apaixonado” pelo parlamentar, a quem procurou mais tarde e de quem se tornou amigo. Sua mulher à época, a empresária Cristina Boner, e a hoje primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também se deram bem, e os Bolsonaro passaram a frequentar a casa de Wassef em Brasília.
Wassef diz que foi num dos desses encontros, ainda em 2014, que disse pela primeira vez ao ex-capitão que ele tinha de se lançar ao Planalto.
“Eu tinha acesso à Lava-Jato, sabia que iriam ser todos presos. Falei para ele: o senhor vai ficar sozinho e sem concorrência no mercado. Eu previ o futuro”.
Quando, em dezembro de 2018, o caso Queiroz estourou no noticiário, Wassef assumiu a estratégia de defesa de Flávio. Contrariando os advogados que aconselhavam a família naquele momento, ele convenceu o presidente eleito que o melhor a fazer para abafar a história seria tirar Queiroz e o Ministério Público Estadual do cenário e, por meio do foro privilegiado de Flávio, jogar o caso para o STF.
A estratégia quase deu certo: no dia 15 de julho de 2019, o presidente do STF, Dias Toffoli, atendendo a um pedido de Wassef, concedeu liminar que suspendia todas as investigações criminais que envolviam o uso de dados do Coaf — precisamente o caso de Flávio.
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A decisão, ruidosamente comemorada pelos Bolsonaro e por Wassef, conseguiu travar a investigação até novembro daquele ano, quando o plenário do Supremo derrubou a liminar de Toffoli e o caso Queiroz foi retomado.
Como se viu hoje, Wassef, o homem que se jacta de ter “descoberto” Bolsonaro, continua sendo bem mais que o advogado da família.
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