Após questionamentos do Ministério Público, Jair Bolsonaro modifica data de exoneração de Weintraub do Ministério da Educação. Fatos indicam que fuga do ex-ministro para os EUA contou com ajuda do governo
Um decreto do presidente Jair Bolsonaro publicado no “Diário Oficial da União” desta terça-feira (23) alterou a data de exoneração do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.
Inicialmente, o governo havia publicado a exoneração de Weintraub no sábado (20), quando ele já estava nos Estados Unidos. Agora, a data oficial é sexta-feira (19), um dia antes de Weintraub chegar a Miami.
Weintraub deixou o governo depois de se envolver em uma série de polêmicas e de ofender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é alvo de duas investigações na Corte: uma apura a ofensa aos ministros e a outra apura suspeita de declarações racistas contra o povo chinês. Weintraub chegou a dizer que, quando saísse do governo, deixaria o país o “mais rápido possível”.
O governo retificou a data da exoneração um dia depois de o Ministério Público pedir para o Tribunal de Contas da União (TCU) apurar a eventual atuação do Itamaraty na viagem de Weintraub aos EUA.
De acordo com um decreto do governo norte-americano, cidadãos de algumas nações, entre as quais o Brasil, devem fazer quarentena antes de entrar no país.
O MP quer saber se Weintraub se aproveitou da condição de ministro, mesmo não estando mais no governo, para obter um visto especial que autoriza entrada imediada nos EUA.
Dentre as exceções do decreto norte-americano sobre quarentena para a entrada de brasileiros nos Estados Unidos, estão ministros de Estado.
Explicação confusa
Em nota divulgada nesta terça, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República disse que a exoneração de Weintraub foi publicada no sábado porque foi nesse dia que o pedido dele de saída do governo chegou às mãos da Secretaria-Geral.
No entanto, explicou a Secom, o comunicado de Weintraub pedia a demissão a partir da sexta-feira. Por isso, o ato oficial foi retificado.
Agência Brasil