Redação Pragmatismo
Saúde 25/Jun/2020 às 13:07 COMENTÁRIOS
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Maio de 2020 é o mês mais mortal da história do Brasil

Publicado em 25 Jun, 2020 às 13h07

Registros de óbitos feitos por cartórios revela que maio de 2020 já é o mês com o maior número de mortes na história do Brasil. Banco de dados do Ministério da Saúde confirma as informações

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(Imagem: EFE)

O mês de maio de 2020 teve o maior número de registros de óbitos feitos por cartórios na história do Brasil. Até a última segunda-feira (22), haviam sido registradas 123.857 declarações de pessoas que morreram em todo o Brasil, sendo 24.021 pela principal causa: a covid-19.

O número de mortes no mês passado representa uma alta de 13,1% em relação a maio de 2019, quando os cartórios registraram 109.479 declarações de óbito no Brasil. As informações foram apuradas pelo portal UOL.

Historicamente, o mês de julho é o que registra maior número de mortes no país devido à maior circulação de vírus respiratórios. Há, ainda, o fato de que problemas cardiovasculares são afetados por doenças virais respiratórias, e o aumento dessas doenças faz com que esse número fique ainda mais significativo nos meses de julho.

Os dados, entretanto, ainda podem crescer, já que o Portal da Transparência da Arpen (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais) é abastecido com informações enviadas pelos cartórios que podem levar alguns dias para informar o óbito ao sistema nacional.

O banco de dados do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde — que também tem como base a causa-morte indicada nas certidões — confirma que não há registro de um mês tão mortal como foi maio de 2020.

A plataforma do ministério traz dados detalhados de mortes e suas causas desde 1996 até 2018. Os números de 2019 ainda estão em fase final de apuração para divulgação. Antes de 1996, não há relatos históricos que apontem para uma mortalidade tão alta em apenas um mês.

Ao longo do tempo, com o crescimento da população e a explosão da violência urbana, o número de mortes mensais foi aumentando. A primeira vez que o país passou a marca de 100 mil mortes foi em janeiro de 2011. De lá para cá, tornou-se algo recorrente que o dado alcançasse os seis dígitos.

Até maio de 2020, o mês com o maior número de óbitos já registrados no país havia sido julho de 2017, quando 122.610 pessoas morreram no Brasil das mais diversas causas. Naquele ano, ressalte-se, os números mensais foram puxados para mais por conta da guerra de facções, que fez o país ter recorde de homicídios.

O professor da UnB (Universidade de Brasília) e integrante do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário de Brasília, Ricardo Martins, explica que o número mais alto de mortes nos meses de julho ocorre pela maior circulação de vírus respiratórios no país.

“São as doenças do inverno, aqueles quadros de gripe, de problemas por causas respiratórias. Isso começa ali por abril e chega a julho no pico. E já está bem demonstrado que problemas cardiovasculares são afetados por doenças virais respiratórias. Então acredito que esse aumento dessas doenças faça com que esse número fique ainda mais significativo nos meses de julho”, afirma.

Martins ainda ressalta que a situação dramática causada pela covid-19 é inédita para profissionais de saúde de sua geração.

“Nunca tivemos uma complicação desse nível, com tantas mortes por uma causa em tão curto tempo. Não tenho dúvidas de que esse vai ser o maior problema nos últimos 100 anos”, compara.

“Realmente é uma tragédia sem precedente recente. Esse número de mortes por covid-19, apesar de altíssimo, ainda está bem abaixo do real. Basta ver a quantidade de mortes por SRAG [Síndrome Respiratória Aguda Grave], que tiveram aumento, mas não tem a causa dela. E com essa interiorização do vírus pelo país, temo que a gente vai perder mais dados”, afirma Luís Carlos Arraes, professor e pesquisador na área de doenças infecciosas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e do IMIP (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira).

Maio de 2020 – 123.702
Julho de 2017 – 122.610
Julho de 2018 – 119.675
Julho de 2016 – 118.151
Julho de 2019 – 118.097

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