Silas Malafaia, Eduardo Bolsonaro e outras figuras sugeriram boicote à Natura após campanha de Dia dos Pais com Thammy Miranda. Mas o que a empresa viu foi a valorização de suas ações
Com a hashtag #MeuPaiPresente, a campanha da Natura para o Dia dos Pais deste ano tinha como objetivo “ampliar as representações do homem contemporâneo”. Além de um comercial de TV, a ação contava com uma estratégia de influenciadores. Nomes como Henrique Fogaça, Rafael Zulu, Babu Santana e Thammy Miranda publicariam vídeos em suas redes sociais contando um pouco da experiência de ser pais.
Depois do vídeo de Thammy Miranda ter sido publicado no Facebook, a ala conservadora das redes sociais iniciou um pedido de boicote à marca. Motivada por publicações do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do pastor Silas Malafaia, a hashtag #BoicoteNatura subiu ao 1º lugar no Twitter. O pastor, inclusive, fez mais de 20 publicações sobre o assunto nas últimas 24 horas.
Em resposta, o youtuber Felipe Neto se colocou ao lado da empresa. Com mais de 39 milhões de assinantes em seu canal no YouTube, afirmou que se “tornaria garoto-propaganda da Natura, de graça, caso a marca queira”.
Na Bolsa de Valores, as ações da companhia ações subiram 10,09% nos últimos dois dias. Ontem (30), o papel atingiu R$ 48,80 por ação, maior valor desde o final de fevereiro.
Segundo a Natura, a intenção não era criar polêmica, mas mostrar uma “masculinidade de forma mais aberta e leve, livre de estereótipos”. “Foram escolhidos homens que estão vivendo a paternidade de maneira presente, com todas as suas nuances. E Thammy é um deles. Não foi uma escolha deliberada para chocar ou questionar, mas sim dentro do que a gente considera a paternidade possível”, declarou Andrea Alvares, vice-presidente de marca e inovação da empresa.
“A campanha foi guiada pela empatia”, disse Eduardo Simon, CEO da DPZ&T, agência responsável pela campanha. “A ação ilustra o cenário atual, gera essa ligação real com pais que estão dentro de casa e ainda mais presentes nas vidas de seus filhos”.
Thammy afirmou, em sua rede social, que a intenção era “representar um dos nichos da sociedade”. “Nossa intenção não é lacrar. Não sou nem melhor nem pior que qualquer outro pai”, disse.
“No final da história, o pedido de boicote mostra que a marca está firme no seu caminho. A polêmica surge a partir do pedido de boicote, e não da campanha. Além disso, quem insiste para que as pessoas não comprem a marca não faz parte do público-alvo da empresa. O boicote acaba sendo um tiro no pé. Só reforça o posicionamento da empresa”, declarou Adriano Sá, consultor e professor da Saint Paul Escola de Negócios.
“A própria tentativa de “cancelamento” pelos grupos conservadores também é um elemento chave desse mosaico. Isso instiga ânimos contrários e favoráveis à marca, o que vai levá-la ao topo dos comentários. Perder consumidores também fará parte da estratégia de campanha, a partir do posicionamento de marca frente a indicadores culturais do presente”, afirmou a antropóloga Valéria.
Renatto Pezotti, UOL
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