Manuela de Cássia foi encontrada com cerca de 80 perfurações no corpo em Milão, na Itália. Natural do Ceará, ela vivia na Europa há mais de 20 anos. Irmã desabafa: "Como vou suportar essa dor?"
Uma artista transexual cearense foi encontrada morta com diversas perfurações pelo corpo em Milão, na Itália. A vítima, identificada como Manuela de Cassia, foi localizada nesta segunda-feira (20) no apartamento onde morava, após os vizinhos sentirem um cheiro forte vindo do local e acionarem as autoridade.
Segundo o portal de notícias italiano Milano Today, os bombeiros quebraram uma das janelas para entrar no apartamento e viram a cearense ensanguentada no chão. Autoridades locais afirmaram que a transexual foi morta com cerca de 80 facadas no peito e nas costas.
A polícia italiana está investigando o caso. Até esta terça-feira (21), ninguém havia sido preso.
A Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos do Ceará (SPS) emitiu nota se solidarizando com a família e os amigos de Manuela de Cássia, e se referindo a ela como “artista trans cearense”.
A SPS também informou que está em contato com o Ministério da Cidadania, por meio da Coordenadoria de Políticas Públicas para LGBT, solicitando o acompanhamento e as providências a serem tomadas pelo órgão federal.
A Coordenadoria também está em contato com a Prefeitura de Fortaleza, por meio do Centro de Referência Janaína Dutra, e com a Defensoria Pública para dar apoio aos familiares, informou a pasta.
A família está providenciando o translado do corpo de Manuela de Cássia da Itália para Fortaleza. O prazo é de 20 dias.
A irmã da mulher trans, Lisieux Alves, informou que ela vivia na Europa há mais de 20 anos e passava temporadas em Fortaleza. Na Itália, Cássia trabalhava como profissional do sexo, segundo a irmã. Já na capital cearense, a transexual atuava como cabeleireira e possuía imóveis, de acordo com a família.
Ainda segundo a irmã, Cássia ajudava financeiramente a família, pagava planos de saúde e escola de sobrinhos. E não chegou a relatar qualquer preocupação com segurança ou problemas pelos quais pudesse estar passando em Milão.
A irmã lamentou pela morte de Cássia em uma rede social se referindo à trans como “um pedaço de mim”, “meu patamar” e “o ar que eu respirava”.
“Como vou suportar essa dor, meu Deus? E agora, quando eu acordar pra quem vou mandar meu primeiro bom dia? Pra quem vou contar meus segredos? E quem vai me proteger agora? Não consigo racionar, não consigo falar, só consigo pensar no quanto você lutou para sobreviver”, escreveu a irmã.
Manuela de Cássia foi Miss Pantera Gay em 1997 e há registros de apresentações artísticas dela em programas de TV como o do Raul Gil.
Agência ANSA
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