Coronavírus: jovem morre após participar de festa em igreja e tomar hidroxicloroquina
Jovem de 17 anos morre de Covid-19 após ser levada pela mãe para evento que se chamava "Festa da Libertação". Ela foi medicada com hidroxicloroquina pelos próprios pais. Mãe da jovem é uma conhecida extremista anti-vacina que fazia campanha contra o uso de máscaras
Carsyn Davis, de 17 anos, morreu vítima de coronavírus na Flórida, nos Estados Unidos. Ela contraiu a doença durante uma festa em uma igreja, onde foi levada pela mãe. As informações são da NBC News.
Após ser diagnosticada com a doença, a mãe de Carsyn decidiu medicá-la com hidroxicloroquina — remédio sem eficácia comprovada para tratar a Covid-19.
A festa realizada em junho teve a presença de cerca de 100 pessoas, que não respeitaram o distanciamento social ou usaram máscaras. No Facebook, o evento se chamava “Festa da Libertação” e prometia jogos, brindes, comida e muita música.
Um médico legista constatou que a jovem apenas foi levada para um hospital uma semana após ficar doente e os pais lhe deram azitromicina e hidroxicloroquina durante esse período.
A cloroquina foi inicialmente muito divulgada por Donald Trump como possível tratamento para a doença, o que já foi negado por especialistas. Meses depois, os Estados Unidos decidiram suspender a indicação da cloroquina para tratar o coronavírus. A própria Agência de controle de medicamento do país emitiu alertas de que a droga pode causar problemas cardíacos que levam à morte.
O caso de Carsyn Davis ganhou grande repercussão no fim de semana após ser divulgado em uma plataforma sobre vítimas do coronavírus mantida pela cientista de dados Rebekah Jones. Vários profissionais de saúde e médicos condenaram as ações tomadas pela família nas semanas anteriores à morte de Carsyn, que ocorreu no dia 23 de junho.
Inúmeras homenagens foram feitas à adolescente. A mãe de Carsyn, Carole Brunton Davis escreveu em um comunicado que durante o tratamento de Covid-19, a filha nunca “chorou, reclamou ou expressou medo”.
Mãe extremista
Parte da imprensa dos Estados Unidos divulgou que Carole Davis, mãe de Carsyn, é uma militante anti-vacina que dissemina teorias conspiratórias nas redes sociais. Testemunhas confirmaram que a mulher tentou curar a filha em casa por conta própria.
Segundo relatos, durante o tratamento em casa Carsyn recebeu oxigênio de uma máquina portátil do seu avô. Quando o seu quadro se agravou e ela foi para o hospital, médicos sugeriram que a menina fosse entubada. A mãe, no entanto, não permitiu de imediato. Carsyn acabou entubada três dias depois, mas era tarde demais.
Um dia antes da morte da filha, Carole Davis estava nas redes sociais fazendo campanha contra o uso de máscaras e contra o isolamento social. Ela fez críticas “aos governadores de NY, NJ, CA, PA e MI”.
Além do sobrepeso, a jovem Carsyn Davis tinha complicações imunológicas por ter se recuperado de um câncer com apenas dois anos de idade.
Mother even tried to get the hospital to give her hydroxychloroquine at the hospital, too. Was proud that she kept the hospital from intubation. pic.twitter.com/QRrYN1bqxe
— Rebekah Jones aka #Insubordinate #scientist (@GeoRebekah) July 7, 2020