Ricos do Pará furam quarentena para ir à praia e perdem carros de luxo na maré. Ao menos dois veículos avaliados em mais de R$ 140 mil foram encobertos pela água do mar em um horário que banhistas não poderiam mais estar na praia
Alguns paraenses que decidiram furar a quarentena e curtir a praia de Atalaia, em Salinópolis, município a 200 km de Belém, nordeste do Pará, na manhã do domingo (26/7), tiveram um grande prejuízo. Um banhista que amanheceu no local percebeu que o seu carro, um Audi Q3, de R$ 179 mil, tinha sido encoberto pela maré.
Outro tentou usar sua caminhonete Mitsubishi modelo Triton, no valor de R$ 149 mil, para rebocar o outro veículo, mas também acabou atolado.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram os veículos, avaliados em mais de R$ 100 mil, cobertos pela maré.
Na praia do Atalaia é permitida a entrada de veículos na faixa de areia. Porém, de acordo com Decreto vigente razão da pandemia do novo coronavírus, só é permitido ficar no ambiente das 7h às 17h, com permanência até 19h, como forma de conter a disseminação do vírus. Os dois condutores desobedeceram as regras de segurança.
O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Pará informou que o condutor do carro não percebeu a forte maré no local e atolou. O dono de uma caminhonete tentou ajudar, mas acabou preso na areia também.
Os agentes do Detran foram até o local, mas não puderam ajudar por possíveis riscos às viaturas. Em nota, o órgão informou: “Um trator também foi utilizado na tentativa de puxar os veículos, mas foi em vão. Os automóveis só foram rebocados quando a maré baixou”.
A Secretaria de Turismo de Salinópolis não soube informar se a multa em descumprimento ao decreto chegou a ser aplicada aos condutores dos carros.
Além da proibição da permanência de banhistas após às 19h, a prefeitura determinou o distanciamento social entre os grupos familiares e o impedimento de som automotivo nas praias. No último boletim divulgado pela prefeitura, de 22 de julho, o município contabilizava 508 casos confirmados de covid-19 e 39 óbitos.
Ocorrência comum
A influência da maré causa prejuízos aos motoristas todos os anos. O balneário é conhecido pela água salgada do oceano Atlântico e pela areia branquinha, onde circulam veranistas e centenas de veículos, prática pouco comum nas praias do Brasil.
Na faixa de areia de 20 quilômetros de extensão das praias os carros são uma presença tão comum quanto os banhistas, guarda-sóis e vendedores ambulantes. A praia se transforma em uma via. Em dias de muito movimento Salinas chega a ter mais de 25 mil carros estacionados na areia.
O secretário de Turismo de Salinópolis, Júlio Vieira, explica que na praia do Atalaia, é permitida a entrada de carros na areia como forma de substituir as barracas. O lugar, banhado pelo Oceano Atlântico, é considerado o mais movimentado do litoral do Pará durante o período do verão, atualmente vigente na região Norte.
“A entrada de carros na praia é cultural do banhista paraense. Os motoristas devem tomar cuidado porque existe uma orientação sobre o limite para o carro avançar, mas o pessoal é teimoso demais. A maré não leva para alto mar. Ela cobre e depois, quando baixa, são rebocados“, comentou o secretário.
G1, Metrópoles, Uol
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