Redação Pragmatismo
Notícias 16/Jul/2020 às 11:20 COMENTÁRIOS
Notícias

Policiais são humilhados por empresário em condomínio de luxo: "Aqui é Alphaville"

Publicado em 16 Jul, 2020 às 11h20

"Você é um merda de um PM que ganha R$ 1 mil por mês, eu ganho R$ 300 mil por mês. Eu quero que você se foda, seu lixo do caralho. Você pode ser macho na periferia, mas aqui você é um bosta. Aqui é Alphaville". O empresário havia sido denunciado pela mulher por violência doméstica

empresário ivan storel
O empresário Ivan Storel

“Você é um merda de um PM que ganha R$ 1 mil por mês, eu ganho R$ 300 mil por mês. Eu quero que você se foda, seu lixo do caralho. Você pode ser macho na periferia, mas aqui você é um bosta. Aqui é Alphaville”.

A frase acima foi dita pelo empresário Ivan Storel ao policial militar Daniel Nascimento. As ofensas aconteceram na casa do empresário em um condomínio de luxo em Alphaville, Santana de Parnaíba (SP). O PM acionou a Justiça e pede R$ 50 mil de indenização por dano moral.

O episódio ocorreu no dia 29 de maio, quando a esposa de Storel ligou para a polícia e denunciou o homem por violência doméstica. Uma viatura com os PMs José Edson Ferreira e Gesica Desanti esteve na residência em Alphaville. Posteriormente, os policiais pediram reforço e Daniel Nascimento foi um dos mobilizados.

De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público à Justiça, o empresário criticou a medida. “Chegou mais uns merdas agora”, teria dito Storel com a chegada de outros policiais.

A abordagem foi gravada pelos próprios PMs. Na denúncia do MP ao Tribunal, o empresário insultou os três policiais presentes na ocorrência.

O PM José Edson foi ameaçado ao tentar se aproximar da porta. “Não pisa na minha calçada, não pisa em minha rua, eu vou te chutar na cara filha da puta, eu vou te chutar na cara. Não pisa na minha calçada. Você é um lixo. Seu merda”, disse Storel, segundo os depoimentos.

Depois de serem humilhados e xingados por vários minutos, os policiais algemaram o empresário, que acabou sendo levado à delegacia por desacato, injúria e resistência.

O caso repercutiu nas redes sociais. “Se fosse na periferia o cidadão já estaria desacordado com a bota do PM no pescoço”, observou um internauta. “Os policiais falam manso e são humilhados nos bairros ricos e vão descontar suas raivas e frustrações nos pretos e pobres nas favelas”, escreveu outra.

Ameaças e pedido de desculpas

No processo, o jurídico do policial que moveu a ação diz que o empresário teria feito ameaças no trajeto até a Delegacia da Mulher. “Bradava, para que todos ouvissem, que sua condição econômica e seus contatos com os poderosos locais o alçava como um ser superior aos demais, não estando ao alcance da lei”, explicou.

No vídeo na porta do condomínio de luxo, Storel aparece ao telefone pedindo ajuda a uma pessoa que chama de Marinho. “Você é secretário, vem para cá e me ajuda. Porque esse b***, esse gordo, f**, está achando que é o quê (apontando para o policial)? Por favor Marinho, vem aqui e me ajuda (supostamente o secretário de Relações Institucionais de Barueri, Marinho Trimboli Jr.)”.

Ele pediu ainda para trazer outras autoridades ao local. “Marinho vem pra cá agora, traz o secretário de segurança, traz o secretário que tiver que trazer. Traz o Furlan (supostamente o prefeito de Barueri, Rubens Furlan)”.

Dois dias após ofender os policiais, o empresário gravou vídeo pedindo desculpas. “Sei que vou responder por isso, sei que as consequências vão vir, mas estava na minha casa, estou em tratamento psiquiátrico, estava naquele momento sob o efeito de álcool”, justificou Storel.

Ao tribunal, o jurídico do policial Nascimento diz que as desculpas dadas pelo empresário não minimizam o dano sofrido. “Apesar do ‘pedido de perdão’, é certo que o autor [da ação] e seus colegas foram extremamente humilhados pelo requerido [Storel] e sofreram um inegável abalo de ordem moral”, alegou.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS