Trabalhadora rendida que teve pescoço pisoteado por PM em SP desmaiou 4 vezes
"Quanto mais eu me debatia, mas ele apertava". Ao invés de ter despertado consciência entre policias ao redor do mundo, o caso George Floyd possivelmente foi encarado por alguns como exemplo de conduta. Vídeo de PM agredindo mulher rendida no chão foi gravado 5 dias após a morte de Floyd, mas só agora revelado
Uma trabalhadora negra de 51 anos, mãe de 5 filhos e avó de 2 netos, foi vítima de violência policial em São Paulo no último dia 30 de maio — cinco dias após o assassinato de George Floyd nos EUA.
As imagens mostram um policial militar pisando no pescoço da vítima em Parelheiros, no extremo da Zona Sul de São Paulo. “Quanto mais eu me debatia, mais ele apertava a botina em meu pescoço”, desabafou ela.
Só agora, após a divulgação das imagens, os dois PMs serão afastados. A Secretaria da Segurança Pública diz que não compactua com esse tipo de comportamento.
A mulher é uma comerciante que vive de um pequeno bar. E foi no trabalho dela que a mulher se tornou vítima desse episódio de violência policial.
O vídeo mostra os policiais militares abordando um grupo de pessoas em uma tarde de sábado. Um cliente parou o carro com o som alto na frente do bar, o que incomodou a vizinhança que acionou a polícia.
A mulher conta que pediu que o motorista abaixasse o som e quando saiu viu uma viatura parada e um policial agredindo seu amigo. “Aí eu pedi para o policial não bater mais nele que ele já estava desfalecido, deitado no chão e o policial sobre o rosto dele”.
Nas imagens é possível ver o policial apontando a arma para outro homem, que tira a camisa e ergue os braços. Atrás dele um homem de blusa azul grita para mostrar que está gravando com o celular e o policial recua e vai dar apoio ao colega.
A comerciante está ao lado e pede para soltar o amigo. “Eu pedi para o policial pra parar e ele me empurrou na grade do bar, me deu três socos, me deu uma rasteira para me derrubar, ele quebrou minha tíbia”. Os vídeos não mostram essa parte da ação, apenas o momento seguinte.
“Ele ficou pisando no meu pescoço com meu rosto encostado no chão”, disse a vítima. Em seguida, a mulher é arrastada algemada pelo asfalto até a calçada. Ela conta que desmaiou quatro vezes durante a ação.
O governador João Doria (PSDB) disse que as cenas da violência policial contra a mulher “são inaceitáveis” e “causam respulsa”.