Redação Pragmatismo
Saúde 11/Ago/2020 às 18:37 COMENTÁRIOS
Saúde

Camila Pitanga é alvo de teorias conspiratórias após dizer que está com malária

Publicado em 11 Ago, 2020 às 18h37

Camila Pitanga revelou que ela e a filha foram diagnosticadas com malária em relato que viralizou nas redes sociais. Depoimento desagradou aliados do governo Bolsonaro, que passaram a disseminar teorias conspiratórias contra a atriz

Camila Pitanga Malária
A atriz Camila Pitanga

Camila Pitanga revelou que ela e a filha, Antonia, de 12 anos, foram diagnosticadas com malária. A atriz relatou “dias de muito sufoco”, febre alta e calafrios. A artista chegou a pensar na possibilidade do novo coronavírus, mas ambas testaram negativo para a covid-19.

Após exames, mãe e filha descobriram que estavam com a doença grave. Camila e Antonia cumpriam quarentena numa zona de Mata Atlântica no litoral de São Paulo quando foram infectadas, área onde os casos de malária não são raros.

Camila e a filha foram atendidas no Hospital das Clínicas, em São Paulo. No Instagram, Camila elogiou o tratamento que recebeu no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Uma vez que a suspeita era malária, não há melhor lugar para você ser tratado do que a rede SUS, local de referência e excelência para doenças endêmicas. No HC, fui prontamente atendida por uma mulherada. Sim, uma equipe 100% de mulheres fantásticas do laboratório da Sucen”, relata.

“É de suma importância valorizar a existência desse sistema de saúde que cuida de tanta gente, principalmente dos que não tem condições de pagar um plano de saúde. Estamos num país onde uma doença matou mais de 100 mil pessoas em poucos meses. Esse número poderia ser o triplo ou mais se não fosse o SUS. A catástrofe seria ainda maior”, acrescentou.

Ataques

Após elogiar o SUS e revelar o diagnóstico de malária, Camila Pitanga passou a ser alvo de teorias conspiratórias criadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Os chamados ‘bolsonaristas’ sugeriram que Camila está com Covid-19, mas inventou o diagnóstico para poder tomar hidroxicloroquina, que possui eficácia comprovada contra a malária. A atriz publicou fotos nas redes sociais dos exames que comprovam o diagnóstico.

O procurador Ailton Benedito, Secretário de Direitos Humanos da Procuradoria-Geral da República, ironizou a doença de Pitanga. “Tomara que se recuperem plena e rapidamente. Foi prescrita cloroquina para o tratamento?”, tuitou. “Na hora de salvar a vida tomando cloroquina diz até que está com malária”, publicou outro internauta.

Malária

A infectologista Elisa Miranda Aires explica que a malária é causada por um parasita protozoário e transmitida por meio da picada de um mosquito do gênero Anopheles contaminado. Segundo a especialista, o parasita da malária da Mata Atlântica (P. vivax) é o menos nocivo. Em casos extremos, a doença afeta o cérebro e pode levar ao coma.

Febre alta, calafrios e fadiga são os principais sintomas da malária. O parasita da doença destrói os glóbulos vermelhos do sangue, o que pode causar anemia e icterícia (olhos amarelados). A confusão com o novo coronavírus pode acontecer por causa da febre, mas os sinais são bem diferentes.

“A febre da malária pode chegar a 40 graus com tremores violentos e não é frequente a covid-19 causar febre com calafrios. Na verdade, a covid-19 atinge o sistema respiratório, o que gera a tosse e falta de ar”, diz a médica. Ao contrário do novo coronavírus, não há risco de contágio de malária entre pessoas.

 

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Foram 10 dias de muito sufoco. Entre picos de febre alta, calafrios e total incerteza. Havia a sombra da possibilidade de estar com covid-19. Somente no domingo recebi o resultado negativo do meu PCR. Mas no lugar de me aliviar, permanecia a agonia pois eu não fazia ideia do que eu poderia ter. Estava à deriva. Pois bem, uma amiga minha suspeitou que esses picos de febre associados ao fato de estar em isolamento social numa zona de Mata Atlântica no litoral de SP, podia ser malária. Fui indicada a conversar com dois infectologistas. Os dois extremamente generosos em falar comigo num domingo já de noite. Dr Luiz Fernando Aranha e o Dr André Machado. Agradeço ao último pelas orientações que me levaram ao Hospital das Clínicas da USP. Uma vez que a supeita era malária, doença muito rara, não há melhor lugar para você ser tratado do que a rede SUS, local de referência e excelência para doenças endêmicas. No HC, fui prontamente atendida por uma mulherada. Sim, uma equipe 100% de mulheres fantásticas do laboratório da Sucen. Faço questão de dar seus nomes: Drª Ana Marli Sartori, Drª Silvia Maria di Santi, Drª Dida costa, Drª Simone Gregorio, Drª Renata oliveira e tão importantes quanto, as agentes de saúde Cida Kikuchi e Gildete Santos. Todas foram extremamente profissionais, eficientes e gentis. Bom, os resultados dos exames sairam dando positivo para malária. Eu e minha filha. Uma doença que ainda existe, é curável, mas precisa de cuidados. O tratamento é gratuito. Faço cá meus votos de gratidão a todas e todos agentes de saúde, que além de estarem na trincheira nessa luta contra a covid-19, estão aí atendendo inúmeras outras demandas com seu profissionalismo em meio a condições e incertezas muito grandes. É de suma importância valorizar a existência desse sistema de saúde que cuida de tanta gente, principalmente dos que não tem condições de pagar um plano de saúde. Estamos num país onde uma doença matou mais de 100 mil pessoas em poucos meses. Esse número poderia ser o triplo ou mais se não fosse o SUS. A catástrofe seria ainda maior. Muito obrigada e parabéns a todas e todos os profissionais de saúde desse país!!!

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