Caso Isabele: Policiais vistos na cena do crime são afastados
Policiais civis que não fazem parte da investigação e não estavam dando expediente foram flagrados no local do assassinato de Isabele Guimarães. Outras pessoas que não moram no condomínio de luxo foram vistas e deixaram a cena do crime 'cantando pneu'
Policiais civis que não fazem parte da investigação e não estavam dando expediente foram flagrados no local do assassinato de Isabele Guimarães. Outras pessoas que não moram no condomínio de luxo foram vistas e deixaram a cena do crime ‘cantando pneu’
A Polícia Civil do Mato Grosso afastou dois policiais que estiveram na casa do condomínio de luxo onde Isabele Guimarães Ramos foi assassinada com um suposto disparo de arma de fogo acidental.
Os dois servidores não estavam trabalhando no dia e não fazem parte da equipe de investigação do caso. A presença deles na cela do crime é investigada pela Corregedoria da Polícia Civil. Um deles é da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
De acordo com a Polícia Civil, ‘os policiais civis foram removidos das unidades em que estavam lotados’. A Polícia Civil não informou o que os dois policiais estavam fazendo no local e nem quem os chamou até a cena do crime. O nome deles também não foi divulgado.
A mãe de Isabele confirmou que viu policiais que não fazia parte da equipe de investigação circulando na casa onde o crime ocorreu. Patrícia Ramos afirmou que, além de ver os policiais, também notou a presença de pessoas que não moram no condomínio de luxo.
Duas dessas pessoas, nas palavras da mãe da adolescente, eram homens ‘agitados e prepotentes’ que deixaram o local do crime em um carro ‘cantando pneu’. A placa do veículo foi anotada e entregue à polícia.
Erros e contradições
Patrícia afirmou à polícia que o delegado que atendeu a ocorrência achou estranho o fato do local não ter isolado durante todo o tempo. É de praxe, em cenas suspeitas de crime, que não se permita a circulação de pessoas ou curiosos para preservar provas ou vestígios usados em uma futura investigação.
Em depoimento à Polícia Civil, o médico Wilson Guimarães Novais, amigo da família de Isabele, afirmou que notou o sumiço da arma e também estranhou a limpeza do ambiente. Ele foi chamado pela mãe de Isabele logo após Patrícia Ramos tomar conhecimento da morte da filha.
O médico contou ao delegado que viu quando Marcelo Cestari, pai da menina que efetuou o disparo, deixou o local e questionou diversas pessoas sobre onde estaria a arma utilizada.
“Algo muito estranho aconteceu aqui. A Isabele está morta por um tiro no crânio e não há arma no local do crime”, disse o médico.
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O depoimento que também levanta questionamentos sobre a cena do crime é o do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele contou ter pedido para que a mãe da adolescente que disparou não mexesse no material de manutenção da arma, pois poderia alterar a cena do crime. A arma não estava no local quando os policiais chegaram.
O Samu foi chamado às 22h02 e chegou 10 minutos depois. Um dos enfermeiros disse que eles tiveram dificuldades para entrar no condomínio porque a portaria não tinha conhecimento da solicitação do Samu.
A versão da defesa
O assassinato ocorreu por volta de 22h30 de 12 de julho em um condomínio de luxo localizado no Bairro Jardim Itália, em Cuiabá.
O advogado da família da adolescente que efetuou o disparo, Rodrigo Pouso, explicou que o pai da menina estava na parte inferior e pediu para que a filha guardasse a arma no andar superior, onde estava Isabele.
A adolescente pegou o case – uma maleta onde estavam duas armas – e subiu. Apesar de estar guardada, a arma estava carregada. Segundo o advogado, uma das armas caiu no chão e a adolescente tentou pegar, mas se desequilibrou e o objeto acabou disparando. A menina negou que brincava com a arma ou que tentou mostrar o objeto para a amiga.
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