"Fiquei apavorado e comecei a gritar, nunca tinha visto tanto dinheiro". Catadores de recicláveis encontram R$ 35 mil em cofre descartado pela polícia e devolvem todo o dinheiro. Nas redes, o caso dividiu opiniões
Catadores de recicláveis encontraram mais de R$ 35 mil em dinheiro em um cofre descartado pela Polícia Civil. O caso aconteceu nesta quinta-feira (27) em Araçatuba (SP).
Segundo a Associação de Coletores de Recicláveis de Araçatuba (Acrepom), catadores desmontaram o cofre para ser vendido como sucata após o objeto ter sido deixado pela polícia no local. A quantia foi encontrada em um fundo falso. Os catadores decidiram chamar a polícia para devolver o montante.
A Polícia Civil não soube informar de qual ocorrência esse cofre pertence. O objeto e o dinheiro foram levados para a delegacia, que vai investigar o caso.
O cofre vai passar por perícia para analisar também se esse fundo falso era fácil de ser identificado ou não — o intuito é saber se houve negligência da polícia ao descartar o objeto. O dinheiro ficará em juízo.
Em junho deste ano, a sede da Associação de Coletores de Recicláveis de Araçatuba pegou fogo e ficou completamente destruída. Um laudo apontado pela Polícia Civil diz que o incêndio foi criminoso. Este caso continua sendo investigado.
Nas redes sociais, o caso repercutiu. “Sinceramente, eu não devolveria. Usaria a grana em benefício dos catadores; é muita burrice acreditar que esse dinheiro terá um destino nobre”, publicou uma internauta. “Devolver toda essa grana para a polícia é o mesmo que colocar raposa para cuidar de galinheiro”, escreveu outro.
“Comecei a gritar”
Manoel de Sá, de 63 anos, foi o catador que primeiro viu o dinheiro. “Fiquei apavorado e comecei a gritar. Nunca tinha visto tanto dinheiro em espécie na minha vida. Eu olhei e tinham pacotes e pacotes”, contou.
Manoel de Sá disse que foi mexer no objeto para utilizá-lo como suporte de uma pia improvisada e se deparou com o dinheiro. “O cofre já estava aberto e todo amassado. A coordenadora pediu para pegá-lo. Eu me aproximei, chutei a tampa, que estava difícil de abrir, e vi o dinheiro separado em notas de R$ 100 e de R$ 50. Não precisei usar nenhuma ferramenta”.
Ao todo, 26 funcionários trabalham no galpão. Cada um consegue tirar por mês cerca de R$ 1 mil. Apesar disso, os catadores não tiveram dúvida em devolver o dinheiro. Eles retiraram as notas do cofre, fizeram a contagem e ligaram para a Polícia Civil.
“Eu estou trabalhando há três anos. Foi a primeira vez que encontrei dinheiro nos objetos. Me sinto gratificado, porque fizemos o certo em devolver a quantia”.
“Eu gosto de deitar minha cabeça no travesseiro e dormir tranquilo. Não conseguiria fazer isso se tivesse pegado o dinheiro. Usei minha honestidade que meu pai e minha mãe me ensinaram”, complementa Manoel.
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