Doméstica morta na casa dos patrões também foi estuprada, aponta laudo
Cozinheira morta na casa dos patrões também foi estuprada, aponta laudo. Foram encontrados vestígios de sêmen no corpo da mulher. Filhas da vítima suspeitam que crime foi cometido por mais de uma pessoa
Assassinada na última quinta-feira, na casa dos patrões, no Rio de Janeiro, a doméstica e cozinheira Gilmara dos Santos de Almeida da Silva, de 45 anos, também foi vítima de estupro.
Familiares da vítima contaram que no laudo médico do Hospital Federal Cardoso Fontes, havia a constatação de espancamento, asfixia mecânica e violência sexual.
O suspeito de cometer o crime, o cuidador de idosos Cláudio André Silva António, que trabalhava junto com Gilmara, foi preso por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na noite de segunda-feira, enquanto prestava depoimento.
A nova informação chocou os familiares. As filhas da doméstica chegaram na delegacia com os documentos do boletim médico. “A gente veio aqui cobrar explicações, saber sobre a prisão, o porquê dele ter feito isso. E fomos surpreendidos com essa notícia. Estamos em choque”, falou a irmã da vítima, Maria dos Santos de Almeida.
O documento do hospital afirma que a “paciente estava sem roupa íntima e calça comprida rasgada”, além de “presença de secreção esbranquiçada na região genital”.
Segundo a delegada Bianca Gebara, foram encontrados vestígios de sêmen no corpo da vítima e a Polícia Civil irá realizar exames de confronto genético entre o material e o DNA do suspeito.
Os familiares de Gilmara contaram que o cuidador de idosos, preso temporariamente suspeito de cometer o crime, ajudou no socorro. Cláudio André foi junto com os filhos do casal de idosos, patrões da doméstica, até o Hospital Federal Cardoso Fontes.
“Quando chegamos no hospital ele estava lá, não falou com a gente, mas agia friamente e com naturalidade, mexendo no celular”, contou um sobrinho da vítima.
Os parentes de Gilmara ainda disseram que os filhos dos patrões e o cuidador de idosos afirmaram ter ligado para os Bombeiros para socorrer a mulher, mas que pela demora no atendimento resolveram levá-la a uma unidade de saúde por conta própria. No entanto, o Corpo de Bombeiros desmentiu e os informou que não houve nenhum acionamento para este caso.
Na delegacia, Cláudio prestou depoimento, mas a delegada disse que ainda não há informações concretas sobre o que pode ter motivado o crime. A Polícia Civil também não descartou a possibilidade de ter um segundo suspeito.
No dia do crime, os filhos dos patrões chegaram a sugerir que Gilmara havia morrido de “morte natural”.
Suspeitas
Irmãos e filhas de Gilmara disseram que os desentendimentos entre a doméstica e seu colega de trabalho eram frequentes. Cláudio André teria sido contratado para cuidar do casal de idosos, há cerca de três meses, e desde que chegou para trabalhar na residência teve pequenos problemas de convivência com Gilmara.
“Minha mãe relatava desavenças com ele em relação a trabalho, que ele tentava atrapalhar o trabalho dela, e também falava sobre a maneira como ele tratava a idosa, que ela também não aprovava. Mas minha mãe nunca falou nada sobre ameaças, agressões, nunca chegou nesse ponto. Desavenças de trabalho mesmo, mas nada que pudesse chegar a morte”, falou Milena da Silva, 20, filha caçula de Gilmara.
Milena esclarece que sua mãe tinha um ótimo relacionamento com o casal de idosos, com quem trabalhava há mais de um ano, até a chegada de Cláudio André. A operadora de caixa afirmou acreditar que o cuidador teria recebido ajuda de outra pessoa durante o crime. “Queremos saber se tem mais alguém envolvido nisso, porque é o que a gente da família desconfia. Estou, particularmente, afirmando que tem sim mais gente envolvida, mas não quero citar nomes”, declarou.
As contradições entre a versão contada pelos filhos do casal de idosos e de Cláudio André, e o constatado pelos médicos também chamaram atenção da família da doméstica.
“Ligaram para o meu pai só dizendo que minha mãe passou mal. Mas assim que a equipe médica foi atender minha mãe, viram que ela estava toda machucada, com sinais de agressão e estrangulamento, com sangramentos, hematomas no braço, e eu posso confirmar isso porque eu que reconheci o corpo dela. A médica na hora pediu também para segurarem no hospital as pessoas que socorreram ela”, narrou.
“Minha mãe morreu dentro daquela casa e em momento algum vieram tentar entender o que houve, nem nos consolar. Em todos momentos só ficaram do lado do Cláudio. Se eles não estão envolvidos, eles não deveriam estar do lado dele e sim do nosso lado, porque minha mãe foi assassinada dentro da casa da mãe deles”, completou.
Uma das últimas pessoas da família a falar com Gilmara, foi sua irmã Maria dos Santos. Cerca de uma hora antes de receber a notícia do falecimento, Gilmara e Maria conversaram por mais de 30 minutos ao telefone. Maria afirma que a irmã não relatou nenhum tipo de problema no trabalho naquele dia.
“Ela estava feliz. Estava me dizendo que tinha chegado os armários que ela tinha comprado para a casa que ela tava morando. Ela estava vivendo o sonho da casa própria. Morou a vida quase toda de aluguel e há um ano estava morando no apartamento que financiou, na Gardênia. Não falou nada que teve desentendimento com ele no dia, estava tudo bem”, contou Maria.
As irmãs se falaram por volta das 11h e o hospital constatou o óbito de Gilmara às 12h27. A doméstica era a quinta filha numa família de 14 irmãos. Baiana da cidade de Ilhéus, ela estava há 27 anos no Rio de Janeiro.
as informações são do Jornal O Dia