Homens que espancaram jovem negro em shopping são identificados: os dois são policiais militares. A vítima foi agredida quando tentava trocar um relógio que comprou para o Dia dos Pais
Os dois que espancaram e apontaram a arma na cabeça de um jovem negro em um shopping no Rio de Janeiro são policiais militares.
Os agressores são Diego Alves da Silva, soldado do Batalhão de Choque, de camisa preta nas imagens; e Gabriel Guimarães Sá Izaú, sargento lotado no programa Segurança Presente.
Um dos agressores prestará depoimento na 37ª DP (Ilha do Governador) na tarde desta segunda-feira (10). A polícia não especificou qual dos dois será ouvido hoje.
Algumas testemunhas do caso já falaram à polícia. O coordenador de segurança do shopping disse ao delegado que investiga o caso que os dois PMs eram “apoio de inteligência” e prestam serviços ao Ilha Plaza.
O depoimento do segurança desmente a versão inicial do shopping. O Ilha Plaza informou, inicialmente, que os agressores eram desconhecidos e não faziam parte do quadro do shopping.
Na manhã desta segunda, o programa ‘Segurança Presente’ anunciou o afastamento do sargento Guimarães Sá Izaú e ressaltou que não tolera este tipo de abordagem.
O nome da vítima é Matheus Fernandes, de 18 anos. O jovem trabalha como entregador de comida. “Só pensava em sair dali. Sem entender. Como assim? Do nada, ele botar a arma na minha cabeça. E eu com a minha identidade aqui na minha mão e o relógio, do outro, e ele com a pistola na minha cabeça perguntando se eu era maluco, se eu queria morrer?”, desabafou.
Marcus Henrique Alves, o delegado da 37ª DP (Ilha do Governador), criticou a ação da dupla: “A abordagem foi totalmente inadequada, ainda mais naquele local, onde aquele jovem não oferece nenhum risco. Então, essa truculência e essa forma de abordar de colocar a arma na cabeça de um jovem em razão da sua cor, é uma conduta inadmissível, o que a gente não espera de um agente público no desempenho das suas funções”.
Para a mãe de Matheus, Alice Fernandes Bionde, a cor da pele dele foi o motivo da agressão e ameaça. “Por causa da cor da pele, não tem outra explicação. Eu não sou tão negra, então eu posso ir no shopping, eu posso mexer em todas as roupas, eu posso comprar o que eu quiser, eu posso inclusive provar as coisas de graça. Agora, se ele está sozinho, ele não pode fazer nada disso, como foi o que aconteceu. Ele sozinho não pode comprar um relógio. Será que ele sempre vai precisar estar com a mãe do lado, alguém do lado, alguém branco?”, questionou a mãe.
Matheus foi abordado e agredido pelos policiais quando tentava trocar um relógio que comprou para o Dia dos Pais. Mesmo com a nota fiscal do produto em mãos e sem demonstrar qualquer perigo ou reação, o jovem foi espancado. Os homens só pararam de bater e liberaram o jovem após a intervenção de outros clientes do shopping.