Homens filmam mulheres praticando ioga e publicam com comentários sexuais
“Quando eu cliquei, eu só comecei a vomitar, não conseguia parar de vomitar. A cena é muito grotesca e violenta”, desabafou uma das vítimas, que é advogada e começou a praticar ioga após quadro depressivo
Ricardo Roriz e “Celsão” estão sendo investigados por filmar mulheres praticando ioga e divulgar as imagens nas redes sociais com comentários de cunho sexual. Um deles chega a fazer gestos obscenos enquanto grava.
A advogada e professora Mariana Maduro, de 33 anos, é uma das vítimas. O caso aconteceu enquanto ela praticava ioga com uma amiga na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio.
“Quando eu cliquei [no vídeo], eu só comecei a vomitar, não conseguia parar de vomitar. A cena é muito grotesca, muito violenta. Vendo aquilo, os comentários. Com eu sou advogada, eu pensei: ‘preciso ter o mínimo de pensamento cognitivo para salvar esse vídeo, printar esses comentários horrorosos’. Porque isso não pode ficar desse jeito. Uma pessoa não pode me expor dessa forma. Eu compartilhei com minha amiga e ela também ficou assustada”, desabafou a advogada.
No diálogo registrado no vídeo, os autores da gravação sugerem que estão captando as imagens para se masturbar. “Eu gosto [de gravar] pra ‘blau blau blau’”, diz um dos homens, fazendo gesto com a mão.
Mariana Maduro afirmou ainda que fez registro na 12ª DP (Copacabana) por perturbação da tranquilidade e afirmou que irá entrar com processo contra os dois homens na esfera cível e criminal.
A delegada que acompanha o caso, Valéria Aragão, afirmou que os dois responsáveis pelas gravações já foram identificados e intimados para prestar depoimento na delegacia. Equipes da delegacia fizeram diligências nos arredores da Lagoa Rodrigo de Freitas, mas não encontraram “Celsão”.
A advogada e professora contou que começou a fazer ioga após sinais de depressão durante a pandemia de Covid-19. Apesar do bem-estar proporcionado pelos exercícios, ela afirmou que nunca mais quer voltar a praticar.
“Eu não vou voltar a fazer ioga nunca mais. Não quero mais. Eu estou associando isso à violência. O que antes era a minha paz, agora é violência. Me foi tirada a minha paz de tudo, era meu escape. Quando eu entrei em depressão na pandemia, que eu estava sozinha, sem ninguém, todo mundo ficando doente, meus pais são médicos e tinha terror de perder eles ao mesmo tempo, foi o ioga que me tirou disso”, disse Mariana.
“Toda essa memória boa se transformou numa violência. Eu nunca mais vou fazer minha prática de ioga, porque eu nunca mais vou voltar a pensar que minhas pernas estão para o ar num movimento bonito, vou pensar num idiota qualquer se masturbando. É muito triste que as pessoas façam isso com outras sem nenhum tipo de pudor ou remorso”, completou.
Denúncia compartilhada pela advogada:
(continua após a postagem)
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A professora de direito empresarial disse ainda que ficou sem dormir por causa da repercussão que a publicação na internet ganhou. Ela diz ter a sensação que virou um “filme pornô”.
“Eu virei um filme pornô, do dia para a noite. Isso é muito bizarro. Eu não sou isso. Sou professora, sou advogada. Trabalho 20 horas por dia às vezes. Eu trabalho muito, estudo muito. Faço um monte de conteúdo gratuito para os meus alunos. E eu virei um filme pornô para as pessoas usarem quando elas quiserem. Eu não optei por isso, fiz duas faculdades. Eu não queria nada disso”, disse Mariana.
Bolsonaro tatuado na perna
O vídeo criminoso foi divulgado primeiramente no perfil da “Loja de Militaria”, local que vende “itens genuínos governamentais norte-americanos”. A página tem várias postagens de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ).
O proprietário da loja é Ricardo Roriz, citado no início desta matéria. O homem já teve encontro com o vereador Carlos Bolsonaro, onde mostrou sua tatuagem com o rosto de Jair Bolsonaro na sua perna. Veja:
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As únicas tattoos do nosso presidente
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