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Jornalista cego revela como foi discriminado nos bastidores do Caldeirão do Huck

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“O programa em si foi uma experiência fantástica, mas os bastidores foram muito cruéis. Muita gente vai achar 'mimimi', mas talvez essa pessoa nunca tenha passado por isso”. Jornalista cego revela discriminação nos bastidores do Caldeirão do Huck

O jornalista Marcos Lima no Caldeirão do Huck

Vitor Fernandez, Bhaz

O jornalista Marcos Lima, que é cego e tem um canal com quase 180 mil inscritos, revelou ter sido discriminado durante sua participação no quadro “Quem Quer Ser Um Milionário?”, do Caldeirão do Huck. O caso aconteceu em dezembro de 2018, mas só foi contado pelo jornalista nesta semana, no seu canal Histórias de Cego.

O profissional revelou que a situação desagradável ocorreu nos bastidores, pouco antes de entrar no palco. Ele foi chamado para uma conversa reservada com dois produtores do programa, que tentaram convencer o participante a usar óculos de sol para entrar no estúdio (vídeo abaixo).

A justificativa era que o quadro poderia sofrer críticas por explorar a deficiência de Marcos. Contudo, para o jornalista, a ação foi discriminatória, feita apenas para “preservar a estética” do programa.

“Quem tem o direito de me pedir para usar óculos, ainda mais para tapar a minha deficiência? Nisso os dois ficaram muito sem graça, nitidamente não estava partindo deles, eles estavam sendo só enviados. Eu sei que [essa ordem] não veio do Luciano [Huck], eu sei exatamente de quem veio. Veio de cima, mas não tão de cima, veio da direção do programa, que quer preservar, botar aquela estética, tapar meu olho. Meu olho deve ser horrível, não pode aparecer na TV“, disse.

Durante a discussão com os produtores, o jornalista disse que a razão de seu trabalho como palestrante é justamente falar de aceitação da deficiência. E que, por isso, não aceitaria esconder seus olhos.

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“O programa em si foi uma experiência fantástica, o Luciano foi ótimo comigo, mas os bastidores foram muito cruéis. […] Sei que muita gente vai achar mimimi, que era só usar óculos, mas talvez essa pessoa nunca tenha passado por isso”, continuou o jornalista.

“Só sei que isso me impactou e felizmente essa experiência só me fez crescer, ter a certeza de quem eu sou, com óculos porque eu quero e sem óculos porque eu quero. Eu decido quem eu vou ser e o que vou fazer“, desabafou.

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