Mãe de entregador vítima de racismo faz desabafo
"Ele jamais comprará a educação e o respeito pois isso vem de berço", diz mãe de motoboy vítima de racismo em condomínio de luxo. Além dos xingamentos, o entregador revelou que foi cuspido pelo agressor. GCM divulga nota
A mãe do entregador humilhado por um residente de um condomínio de luxo em Valinhos, no interior de São Paulo, publicou um desabafo em seu Facebook, pedindo para que ele seja exposto.
“Vamos deixar esse escroto de camiseta azul famoso, pois ele foi racista com um entregador que estava apenas fazendo o seu trabalho, e esse ser xingou e humilhou um trabalhador, se achando melhor que ele por morar em um condomínio de luxo”, publicou a mulher.
Matheus Pires, seu filho de 19 anos, foi alvo de humilhações e ameaças por parte do homem, que se chama Mateus Abreu Almeida Prado e tem 31 anos. As imagens registraram o momento em que o agressor diz que o motoboy ‘tem inveja’ dele, de seu dinheiro e até mesmo de sua cor de pele.
“Ninguém é melhor que ninguém por ser rico ou ser branco. Como ele é de família rica isso vai acabar no esquecimento, como sempre acontece. Então por isso resolvi postar o vídeo. Isso é racismo e é crime e esse entregador é meu filho, um trabalhador honesto e que não precisa sentir ou ter inveja de um escroto como esse pois ele não é. Mesmo tendo dinheiro pra comprar tudo o que quiser, jamais comprará a educação o respeito, pois isso vem de berço e o dinheiro não compra jamais”, acrescentou a mulher.
O entregador registrou um boletim de ocorrência para denunciar as agressões e o crime de racismo. O caso aconteceu no dia 31 de julho e as imagens começaram a circular na internet nesta sexta-feira (7). Na ocasião, a Guarda Municipal foi chamada e encaminhou todos para a Delegacia de Valinhos.
Durante a discussão, Mateus Abreu chama Matheus Pires de “semianalfabeto”; repete que ele tem inveja da vida que as pessoas que moram no condomínio dele têm; e diz que o profissional não tem onde morar nem “nunca vai ter” nada do que ele estava mencionando. O vídeo foi gravado por um vizinho.
Segundo o motoboy, foi a segunda vez que ele foi fazer uma entrega na casa. O rapaz afirmou que na primeira vez o homem já havia sido grosseiro por ele não ter achado o endereço da residência. Na segunda. quando aconteceram as ofensas racistas, o profissional disse que a confusão começou por um problema no interfone do condomínio.
“Eu falei pra ele que ele não podia fazer mais isso porque ninguém gostava desse tipo de atitude. O que ele faz é pra se mostrar superior as pessoas. Teve um momento que ele cuspiu em mim, jogou a nota no chão e disse que eu era lixo. Na frente da polícia, ele continuou com as agressões, me chamou de favelado”, disse o entregador.
Mateus Abreu Almeida Prado é contabilista, admirador do escritor Olavo de Carvalho, tem apenas o ensino médio e vive às custas dos pais. A identidade dele foi revelada pelo jornalista Tarcio Lorran, do portal Metrópoles (saiba mais aqui).
A Guarda Municipal de Valinhos divulgou uma nota sobre o caso:
O caso aconteceu no dia 31/07/2020 por volta das 16h35 pelo bairro Chácara Silvânia, de acordo com o comandante da GCM de Valinhos Sidnei Aureliano a ROMU foi acionada através do 153 onde segundo informações uma discussão entre um morador e um motoboy se encontravam muito tensa, pelo local os componentes vieram a intervir evitando o confronto entre os dois, porém diante das ofensas de maior relevância proferida pelo contabilista de 31 anos contra o motoboy de 19 anos fizeram com que os GCMs encaminhasse o contabilista até a delegacia de polícia civil onde foi indiciado criminalmente por injúria, caso este que nesta data do dia 07/08/2020 veio á público e esta ganhando repercussão nas redes sociais.
Segundo ainda o comandante da GCM de Valinhos, a motivação de todo desentendimento começou após o motoboy comentar que alguns motoboys estavam reclamando da maneira hostil que são tratados pelo contabilista toda vez que vão até sua residência para fazer qualquer tipo de entregas, fato este constatado pelos GCMs no local dos fatos e ainda pela delegacia onde o contabilista continuava ofendendo o motoboy com palavras as quais o constrangiam e ainda transmitia ao motoboy um sentimento de minusvalía, frisou o comandante Aureliano.
VÍDEO: