Maju Coutinho está sendo alvo de uma disputa intensa nas redes sociais. De um lado, bolsonaristas a acusam de ser mentirosa. De outro, internautas dizem que a apresentadora é maravilhosa
O apresentadora do Jornal Hoje, da Globo, Maju Coutinho, está sendo alvo de uma disputa intensa na rede social. De um lado, bolsonaristas a acusam de ser mentirosa, por apresentar a notícia (errada) de que não houve homenagem aos mortos na cerimônia presidida por Jair Bolsonaro sobre a covid-19 — o evento teve o título mentiroso de que o Brasil vence a pandemia.
De outro, internautas dizem que Maju Coutinho é maravilhosa, pois, num malabarismo semântico, afirmam que a homenagem foi prestada por uma médica que não tem cargo no governo. Por isso, Maju seria maravilhosa, por dizer que Bolsonaro e outros autoridades do governo não reverenciaram as vítimas.
Fato: todas as autoridades se levantaram para o minuto de silêncio — Bolsonaro, claro, foi compelido a isso.
Mas, enfim, nesse episódio, Maju foi mentirosa ou maravilhosa? Nem uma coisa, nem outra.
Maju Coutinho é uma apresentadora da Globo que, como todos os outros, não tem autonomia para ditar as notas. Em geral, são leitores de teleprompter, o equipamento em que o texto é apresentado ao mesmo tempo em que a câmera capta a sua imagem.
Quando o apresentador olha para a câmera, ele vê o texto, e lê em voz alta, interpretando. Quando improvisa, às vezes ocorrem desastres como os já protagonizados por Rodrigo Bocardi, quando tomou invertida de um atleta do Pinheiros que estava sendo entrevistado numa estação de Metrô e ele, sócio do clube, perguntou se o jovem era catador de bolinhas das quadras de tênis.
Ou, como ocorreu com a apresentadora Mariana Gross quando confrontada por Antony Garotinho, entrevistado no RJ TV como candidato a governador, sobre os casos de sonegação fiscal da emissora. Sem saber o que dizer, soltou:
“Candidato, a Globo não sonegou nada, eu deixo claro para o senhor”.
Foi motivo de piada, pois é sabido que a Globo cresceu dentro de uma cultura de sonegação. Eu mesmo estive Road Town, Ilhas Virgens Britânicas, onde pude comprovar que a família Marinho criou uma empresa de fachada para fraudar o Fisco no Brasil — sonegação equivale a roubar dinheiro público, crime tão grave quanto a corrupção.
O erro da notícia sobre o evento de Bolsonaro, que serviu para que ele se apresentasse como vítima, não foi da Maju. Foi de produtores e editores, que apuram e redigem as notas que ela lê. Não só ela, todos os apresentadores. Esta é a realidade.
É injusto, portanto, massacrar Maju Coutinho ou endeusá-la. A jornalista faz parte de uma engrenagem que, nos últimos tempos, tem dado mostras de que está enferrujando.
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