Mulheres violadas

Mulher com sintomas de Covid-19 denuncia médico por assédio

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"É uma sensação de medo. A gente não tem forças para reagir àquilo. Não quero que outras pessoas passem por isso". Jovem de 29 anos com sintomas de Covid-19 procura ajuda e é assediada pelo médico dentro do consultório. Profissional foi afastado após a denúncia

Centro de Controle de Coronavírus em São Vicente / Vivian Herculano Salvatore (divulgação)

A recepcionista Vivian Herculano Salvatore, de 29 anos, foi para um consulta médica após apresentar sintomas de Covid-19 e sofreu importunação sexual no consultório. O caso aconteceu em São Vicente, litoral de São Paulo.

A jovem foi atendida no Centro de Combate ao Coronavírus da Prefeitura de São Vicente — local exclusivo para o atendimento de pessoas com sintomas da Covid-19. Durante a consulta, o médico começou a perguntar sobre os passatempos de Vivian.

“Ele começou a falar que eu não estava com coronavírus, que eu precisava mesmo era relaxar e perguntou o que eu fazia para desestressar. Achei aquilo estranho, mas continuei respondendo”, relata.

“Falei que deixei de fazer o que gostava por causa da pandemia, como ir à praia, e ele falou que eu precisava desestressar. Me mandou fazer um raio-X, fiz o exame e, quando voltei, a porta já estava entreaberta, quase encostada. E ele falou que eu não tinha nada, só estresse”, afirma Vivian.

A vítima conta que, nesse momento, ouviu do especialista que, “para desestressar, precisava de três coisas: oportunidade, vontade e coragem”. Foi quando ela relata ter percebido a intenção do médico. “Ele começou a falar em um tom de voz mais baixo.”

“Ele me disse ‘uma dessas três coisas te falta. A oportunidade você tem agora. O que te falta: coragem ou vontade?’. Nessa hora, ele levantou da mesa dele e parou na minha frente, perguntando se eu não tinha coragem, e que era só fechar a porta. Ele também perguntou se eu não tinha vontade de calor humano, um abraço, que me desestressava”, desabafa.

Assim que o médico se aproximou, Vivian se levantou e saiu do consultório, mas ainda conseguiu ouvir o médico repetindo que ela ‘precisava desestressar’. A recepcionista chegou a pensar em ir embora, mas voltou para dentro do hospital e denunciou o caso à direção da unidade.

Após a denúncia à administração, a vítima foi orientada pela equipe do centro médico a registrar a ocorrência junto à Polícia Civil. O caso é investigado como crime de importunação sexual na Delegacia de Defesa da Mulher de São Vicente.

“É uma sensação de medo. A gente não tem forças para reagir àquilo. Não quero que outras pessoas passem por situação igual ou pior à que eu passei, e eu acho que ele vai continuar fazendo se não for parado. Nunca esperei passar por isso em um hospital, com uma pessoa que está ali para cuidar da gente”

De acordo com a prefeitura de São Vicente, o médico suspeito foi afastado após a denúncia. A lei diz que as penas para os crimes de importunação sexual podem variar de 1 a 5 anos de prisão.

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